• Dilma avalia que ofensiva deu certo; Aécio promete reagir
Fernanda Krakovics – O Globo
BRASÍLIA - Com a proximidade das eleições e o empate técnico entre os dois candidatos, as campanhas de Dilma Rousseff (PT) e Aécio neves (PSDB) vão manter a artilharia pesada exibida nos dois últimos debates. Dilma elevou o tom dos ataques ao candidato do PSDB, partindo para a esfera privada, e Aécio rebateu com veemência, acusando a petista de praticar nepotismo cruzado.
A linha usada por Dilma ao se referir ao episódio em que Aécio se negou a fazer o teste do bafômetro em blitz no Rio em abril de 2011 deve ser mantida, porque a avaliação é que a ofensiva surtiu efeito ao conter o crescimento do tucano. Aécio por sua vez, promete não deixar acusação sem contra-ataque, e reagiu à acusação de nepotismo afirmando que o irmão da presidente foi funcionário fantasma da prefeitura petista de Belo Horizonte.
Ataques anulariam apoios
Integrantes da campanha de Dilma consideram que os ataques a Aécio conseguiram anular o efeito do apoio de Marina Silva (PSB) e de Renata Campos, viúva do ex-candidato do PSB Eduardo Campos, e ainda o desgaste gerado pelo escândalo de corrupção na Petrobras. Isso porque a distância de dois pontos percentuais entre Aécio e Dilma se manteve inalterada na última semana. O comitê central de Dilma acreditava ontem que a onda Aécio já havia atingido seu pico. Outros dados que estimulam a campanha à reeleição a se manter nesse caminho é o aumento da rejeição a Aécio, que, segundo o Datafolha, passou de 34% para 38% em uma semana.
A linha de ataque ao tucano é aprovada pelos petistas em geral. A campanha, no entanto, age em dois níveis diferentes. Na propaganda de TV, o foco é a tentativa de desconstrução da imagem de bom gestor de Aécio, enquanto os ataques pessoais têm ficado nas redes sociais, entrevistas e debates.
O uso do episódio da blitz da Lei Seca começou a ser explorado na noite de anteontem, pelo ex-presidente Lula. Em comício no Pará, ele provocou o tucano em discurso. Ontem à tarde, o tema apareceu com destaque no site oficial da campanha de Dilma. Sob o título "Faça o que eu digo, não faça o que eu faço", a página da campanha exibiu, primeiro, uma matéria de junho de 2009 na qual Aécio, então governador de Minas, participa de uma campanha educativa sobre o perigo de dirigir depois de consumir bebida alcoólica. Na sequência, a notícia de Aécio parado na blitz. À noite, então, Dilma provocou o tucano no debate do SBT.
Sem limites, com respostas
O comando da campanha do candidato do PSDB tem certeza de que a campanha de Dilma não terá limites para tentar atingir o tucano no campo pessoal e tentar virar a desvantagem numérica nas pesquisas. Mas já prepara munição para reagir se os ataques pessoais continuarem.
- Esse pessoal não tem nenhum limite em matéria de delinquência política e destruição de reputação alheia. Lula e Dilma se desqualificam para exercer o poder, para pacificar o Brasil e retornar a política ao nível da civilidade. Diante de tamanha sordidez uma pessoa correta fica sem palavras. Mas o Aécio saberá responder no tom certo - respondeu o vice do tucano, Aloysio Nunes Ferreira.
Um dos trunfos da campanha de Aécio, a ser usado se Dilma e sua campanha continuarem com os ataques pessoais, é a divulgação de casos análogos envolvendo a presidente da República. Ontem, Aécio citou a nomeação do irmão dela, Igor Rousseff, para um cargo na prefeitura de Belo Horizonte durante a gestão de Fernando Pimentel (PT), para rebater a acusação de que empregava parentes no governo do estado. A ideia é manter a linha sempre que for atacado.
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