- Brasil Econômico
Após a nova rodada de pesquisas do Ibope e do Datafolha, ninguém mais se atreve a fazer previsões sobre o resultado da eleição no próximo dia 26 de outubro. Uma semana depois, nada mudou. A presidente Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves permanecem tecnicamente empatados, separados por diferença mínima. O tucano tem 51% contra 49% da petista, o que não é suficiente para superar a margem de erro de 2% para cima e para baixo. Resta apenas uma semana de campanha oficial na tevê e no rádio e dificilmente surgirão fatos de impacto no meio do caminho. Para não correr o risco de queimar a língua, os analistas subiram em cima do muro. Dizem apenas que a eleição será decidida numa chegada de arrepiar os cabelos. E tanto pode dar Dilma quanto Aécio. O que não é propriamente uma aposta de risco.
Na tentativa de contribuir para um prognóstico mais firme, liguei para o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, que sempre me dá algumas pistas quando o horizonte eleitoral está nebuloso. Desta vez, porém, ele explicou que não poderia me ajudar, pois a disputa entre Aécio e Dilma ganhou caráter plebiscitário e se tornou imprevisível. "Esta é a eleição mais difícil da história do Ibope", afirmou. Para se ter ideia, o renomado instituto de pesquisa foi fundado em 1942, com base nas técnicas no norte-americano George Gallup, fundador do American Institute of Public Opinion. Em 1977, o Ibope passou a ser presidido por Paulo de Tarso Montenegro, pai de Carlos Augusto, e deu início, então, às suas famosas pesquisas de boca de urna. Isso mostra a real dimensão da frase do filho de Paulo.
A atual eleição é a mais acirrada dos últimos 40 anos. Há quem lembre que o confronto de Lula com Fernando Collor em 1989 também foi parelho. É verdade, mas Lula foi subindo aos poucos e só se aproximou para valer na última pesquisa, na véspera do segundo turno, que deu ao petista 49% das intenções de voto contra 51% do ex-governador de Alagoas. Abertas as urnas, Collor ganhou por diferença mais larga: 53% a 47%. No caso atual, os dois blocos de eleitores cristalizou-se mais cedo, com defensores de Dilma de um lado e simpatizantes de Aécio de outro. A vanguarda dos dois grupos trava batalha encarniçada na internet, com violência poucas vezes vista na história política recente. Observa-se também nítida clivagem regional, como Norte/Nordeste a favor de Dilma e o Sul/Sudeste pendendo para Aécio.
Na pirâmide social, os mais ricos preferem o tucano e os mais pobres confiam na petista. Mas quem vai decidir são os eleitores da classe média – da velha e da nova. A direção do Datafolha, ao analisar o mapeamento da própria pesquisa, informou que, no primeiro turno, 34% dos eleitores só decidiram em quem votar para presidente nos últimos 15 dias de campanha. Com um detalhe importante: 15% deixaram a decisão para a reta final, pois 8% escolheram o candidato na última semana e 6%, na véspera do pleito. Como eleitores de menor renda foram os que mais adiaram a escolha, acredita-se que, entre os indecisos, há um potencial maior de votos para Dilma. É uma hipótese razoável. Mas não passa disso. Uma coisa é certa: o eleitorado está dividido. Dilma e Aécio têm as mesmas chances e a emoção vai até o final. Como o TSE exige que se aguarde o fim da votação no Acre às 20 horas, o Ibope não fará a tradicional pesquisa de boca de urna. O Brasil vai parar para acompanhar a contagem oficial do TSE.
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