- Folha de S. Paulo
O debate desta quinta (16) foi um debate histórico, desses que a gente vai se lembrar e comentar daqui a dois, cinco, dez anos. Não teve refresco, não teve um escorregão grave, não teve um momento de descontração, uma graça, uma piada. Foi tenso e agressivo do início ao fim.
Collor era arrogante e batia abaixo da cintura. Lula evoluiu muito, ficou brilhante e sarcástico. FHC era "o príncipe", elegante e culto. Esse ciclo foi interrompido por Lula versus Alckmin, que era insosso, e por Dilma versus Serra, dois técnicos esgrimindo números.
Abre-se agora um novo ciclo de debates, com uma candidata boa de briga e um adversário com todas as manhas de quem nasceu em berço político e presidiu a Câmara. Os dois nasceram em Minas, mas não estão sendo nada "mineiros". Sutileza zero, adrenalina a mil.
Em debates, a forma vale tanto ou mais que o conteúdo. O que fica é a sacada irônica, a "pegadinha", ou, como preferiram Aécio e Dilma, a resposta na ponta da língua, a acusação direta ou uma insinuação maldosa. Aécio ultrapassa o limite ao falar em "mar de lama", que remete à queda de Getúlio. E Dilma baixa o nível perigosamente ao condenar os que dirigem "drogados ou bêbados". É fora das regras.
Nada melhor do que pegar o adversário desprevenido. Aécio anulou os ataques de Dilma a um suposto nepotismo em Minas ao acusar o irmão dela de "ganhar sem trabalhar" numa prefeitura petista.
E Dilma sacou um "furo de reportagem" da Folha, no início do debate: segundo o ex-diretor Paulo Roberto Costa, o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, agora morto, recebeu propina para esvaziar uma das CPIs da Petrobras.
Aécio e Dilma, empatados tecnicamente, falaram mais para seus eleitores, para fidelizar votos. A dúvida é se, além disso, conseguiram conquistar novos apoios. Indecisos e votos nulos e brancos são duros na queda.
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