Rosângela Bittar, Raymundo Costa e Cristiano Romero - Valor Econômico
BRASÍLIA E SÃO PAULO - Preocupada com os impactos ainda desconhecidos da operação Lava-Jato sobre a classe política, especialmente em sua base aliada, a presidente Dilma Rousseff pretende começar a distribuir cargos apenas em meados de dezembro, ou somente em janeiro ou fevereiro, quando ficar claro quem será atingido pelas delações no escândalo da Petrobras.
A presidente pretende, também, manter no cargo o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O objetivo é não mexer na linha de comando das instituições que estão apurando o caso de corrupção. Por esse motivo, ela também não mudará a direção da Polícia Federal, responsável pelas investigações da Lava-Jato ao lado do Ministério Público.
Dilma decidiu, ainda, manter Graça Foster na presidência da Petrobras, apesar dos rumores de que, por causa do escândalo, ela seria substituída junto com todos os diretores da estatal.
Amanhã, a presidente anuncia a nova equipe econômica. A decisão de começar a mudança do ministério por essa área decorreu da intenção do governo de enviar forte sinalização ao mercado de que os principais problemas da economia serão atacados imediatamente. Os novos ministros - Joaquim Levy, da Fazenda, e Nelson Barbosa, do Planejamento - assumirão antes da posse, em 1º de janeiro, ao contrário dos demais ministros.
Quando fez o convite a Joaquim Levy, a presidente assegurou que ele terá autonomia para pôr em prática as políticas que julgar necessárias para a reorganização das contas públicas e o combate à inflação. A conversa animou Levy e foi crucial para que ele aceitasse o cargo.
A decisão da presidente mostra que ela estaria convencida de que precisa mudar seu estilo centralizador, pelo menos na área econômica. "Ela percebeu que é melhor dar autonomia à equipe econômica", comentou um importante aliado.
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