• Comissão mista vai divulgar relatório sem ter conseguido aprovar devassa em empresas
André de Souza – O Globo
BRASÍLIA - Na semana em que o Ministério Público Federal (MPF) deverá apresentar denúncia contra 11 executivos de seis empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato, a CPI mista da Petrobras vai divulgar seu relatório sem ter ao menos quebrado o sigilo dessas empresas. Requerimentos para isso não faltaram. Vários foram apresentados ao longo da CPI, instalada em maio, mas as grandes empreiteiras, que tiveram seus executivos presos em novembro, escaparam da devassa.
No último sábado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reiterou ao "Jornal Nacional", que o MPF vai oferecer denúncia à Justiça Federal contra 11 executivos de seis empreiteiras que foram presos em novembro. A denúncia será substanciada em informações fornecidas por acusados que fizeram acordo de delação premiada. Mesmo assim, isso não foi suficiente para aprovar a quebra de sigilo dessas empresas. As empreiteiras costumam ser grandes financiadoras de campanha e têm um lobby forte no Congresso. O deputado Rubens Bueno (PPS-PR), autor de vários requerimentos para a quebra dos sigilos fiscal, telefônico e bancário das empresas, diz que se fala muito nos corredores do Congresso sobre o poder das empreiteiras:
- Eu desconheço (o poder de influência das empreiteiras na CPI), porque nunca tive minha atuação (influenciada). Agora, nos corredores, se ouvia muito isso. Alguns lá que teriam sido indicados (para a CPI) para atender aos interesses delas. Mas como eu vou provar isso?
O vice-presidente da CPI, senador Gim Argello (PTB-DF), da base aliada, culpou o calendário eleitoral.
- Prejudicou (as investigações o fato de não ter quebrado o sigilo das empreiteiras), mas fazer o quê. Em hora nenhuma tivemos condição para isso, quórum para isso - afirmou o senador, acrescentando: - Acho que foi a eleição. E agora no final, não teria como avaliar a quantidade de documentos que chegariam.
A CPI se limitou a pedir à Petrobras cópias de contratos, além de relatórios, tratando das empreiteiras investigadas na Lava-Jato. Também enviou algumas perguntas para as empresas responderem. Em novembro, executivos de oito empresas do setor com contratos com a Petrobras - Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Iesa, Mendes Júnior, OAS, Queiroz Galvão, UTC - foram presos. Outras duas - Odebrecht e Toyo Setal - também são investigadas.
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