- Folha de S. Paulo
Pense em um Estado onde PT e PSDB foram reduzidos a partidos nanicos e afastados do poder. Lá a política é dominada há mais de uma década por outra sigla, sem nitidez ideológica e com grande voracidade para se perpetuar no topo. Estamos falando do Rio de Janeiro, controlado há 12 anos pelo PMDB.
O partido comanda a segunda maior economia do país desde 2003. O monopólio inclui o governo do Estado, com Luiz Fernando Pezão, a prefeitura da capital, com Eduardo Paes, e a presidência da Assembleia Legislativa, com Jorge Picciani.
Na semana passada, o grupo alçou voo nacional ao instalar Eduardo Cunha na presidência da Câmara. Agora sobe mais um degrau ao promover Leonardo Picciani a líder da bancada da legenda na Casa.
O PMDB fluminense virou um partido dentro do partido, a exemplo do PT paulista antes do mensalão. Não foi por acaso que o ex-presidente Lula esqueceu desavenças recentes e viajou para o Rio nesta quarta (11) para jantar com Pezão, Paes e o ex-governador Sérgio Cabral.
O PT e o governo terão que negociar com essa turma para sobreviver à crise no Congresso. Não será uma tarefa fácil. No ano passado, Cabral e o clã Picciani puseram sua máquina a serviço do tucano Aécio Neves.
No primeiro mandato, a presidente Dilma Rousseff enfrentou Cunha e derrubou um de seus aliados da presidência de Furnas. Agora Lula tentará convencê-la a atender as vontades do grupo na distribuição de verbas e cargos de segundo escalão.
Sem cargo desde o ano passado, quando deixou o governo do Rio com rejeição recorde, Cabral pode voltar à fila por um ministério. Só precisa torcer para não ser denunciado na Operação Lava Jato.
Na disputa pela liderança do PMDB na Câmara, o deputado baiano Lúcio Vieira Lima argumentava que a bancada do Rio já estava muito forte no partido. Tropeçou em um detalhe: a fome do PMDB fluminense não tem limites.
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