• Cúpula do partido quer que Dilma a consulte na escolha de novo ministro
Simone Iglesias, Fernanda Krakovics e Cristiane Jungblut – O Globo
BRASÍLIA - Com várias lideranças envolvidas na Operação Lava-Jato, o PMDB quer ser consultado pela presidente Dilma Rousseff sobre a escolha do novo ministro do Supremo Tribunal Federal - que pode ser o último nomeado no governo Dilma. Esse seria um dos objetivos do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), ao comprar brigas com o governo do qual era considerado o principal fiador no Congresso. O novo ministro, que ocupará a vaga de Joaquim Barbosa, integrará a segunda turma do STF, onde estão sendo analisados os processos do esquema de corrupção na Petrobras.
O PMDB quer um nome de "composição" entre Dilma e o vice-presidente Michel Temer e que seja descolado do PT e dos governos dela e do ex-presidente Lula.
- Essa é a conversa que terá que acontecer nos próximos dias. A presidente não tem mais condições de decidir essa indicação sozinha - afirmou um peemedebista da cúpula.
O ministro da Advocacia Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, que contava com a simpatia do PMDB, hoje não teria seu nome aprovado. Menos ainda o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que deverá permanecer à frente do ministério por causa das investigações da Lava-Jato.
A indicação é feita por Dilma, mas precisa ser aprovada em votação secreta no plenário pelo Senado. Desde a semana passada, Renan mudou de postura com relação ao governo: tornou-se mais independente e se aproximou da oposição. Após devolver ao Planalto a medida provisória que praticamente acabava com a desonerações na folha, com o argumento de que medidas que aumentam impostos precisam ser enviadas por projeto de lei, Renan ontem fez elogios a um dos líderes da oposição, o senador José Serra (PSDB-SP). Disse que o tucano é exemplo do que a política brasileira tem de melhor.
A tentativa do PMDB de influenciar a decisão de Dilma levou ao atraso na formação das comissões temáticas do Senado. Aos peemedebistas, cabe a indicação do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), porta de entrada da indicação do ministro do STF. Até ontem, o líder do partido, senador Eunício Oliveira (CE), não havia definido quem ficará no comando da CCJ. Os nomes mais prováveis são os dos senadores José Maranhão (PB) e Edison Lobão (MA). O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), também com interesse no cargo, tem dito que não quer disputa. A preferência de Eunício é por José Maranhão, mas Lobão não abre mão do cargo.
Por trás da postura adotada por Renan está sua sobrevivência política. Ele tem reclamado da forma como o Palácio do Planalto tem agido no caso da Lava-Jato. A interlocutores, ele diz que sua citação enfraquece o Legislativo enquanto instituição. O PMDB culpa o Planalto, em especial o ministro Cardozo, pela inclusão de Renan e do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na lista.
Em 2007, Renan renunciou à presidência do Senado, em meio a denúncias de que a empreiteira Mendes Júnior pagava mesada a uma amante com quem teve uma filha. De volta ao cargo, em 2013 e, novamente agora, ele não quer enfrentar um novo processo de renúncia e eventual cassação do cargo.
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