• Presidente quer esperar passar o clima de confronto entre governo e Congresso criado com a lista dos investigados na operação pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot
Vera Rosa - O Estado DE S. Paulo
SÃO PAULO - A presidente Dilma Rousseff decidiu esperar um momento de menos turbulência política para indicar o novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante do clima de confronto criado com a lista de políticos suspeitos de envolvimento no escândalo de corrupção na Petrobrás e com a perspectiva de sofrer nova derrota, caso o nome passasse agora por sabatina no Senado, Dilma resolveu segurar mais um pouco a indicação.
Na lista dos cotados para substituir o ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa estão o jurista Clèmerson Merlin Clève, professor titular da Universidade Federal do Paraná, e o tributarista Heleno Torres, que só não chegou à Côrte em 2013 porque Dilma atribuiu a ele o "vazamento" da notícia sobre sua nomeação.
Embora Torres seja o candidato preferido do presidente do STF, Ricardo Lewandowski, desta vez o ministro também apresentou ao governo outros dois nomes que o agradariam: Marcus Vinícius Furtado Coelho, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e o jurista paranaense Luiz Édson Fachin.
O governo sofreu novo revés na noite de quarta-feira, quando a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que aumenta a idade de aposentadoria dos ministros de tribunais superiores de 70 para 75 anos foi aprovada em primeiro turno pela Câmara. Conhecida como "PEC da Bengala", a proposta ainda depende de uma segunda votação, mas, de qualquer forma, o que ocorreu nesta quarta já é um sinal do clima de rebelião da base aliada, principalmente do PMDB, contra o governo Dilma.
Se receber sinal verde do Congresso, a PEC da Bengala tira de Dilma o direito de indicar cinco ministros do Supremo até o fim do seu mandato, em 2018. Agora, porém, o governo considera que é preciso "baixar a poeira" da crise política antes de enviar ao Senado um candidato para ser sabatinado.
O desembargador Xavier de Aquino conta com a simpatia do vice-presidente Michel Temer para ocupar a vaga de Barbosa no Supremo, mas, segundo informações obtidas pelo Estado, não tem chance. Perderam força as candidaturas dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Mauro Campbell, Benedito Gonçalves e Luís Felipe Salomão porque o governo não vê com bons olhos a acirrada disputa interna, que divide a Côrte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário