• Para ministro da Fazenda, é preciso apressar definições sobre como arrumar contas públicas
• Chefe da equipe econômica também afirma que não mexerá na meta de economizar 1,2% do PIB neste ano
Valdo Cruz, Natuza Nery – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Em um momento de crise na base aliada, com risco de atraso e mudanças no pacote do governo para elevar a arrecadação e cortar gastos, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) afirmou que a gravidade da situação financeira do país recomenda "rapidez" na definição das medidas no Congresso Nacional.
Para ele, o ajuste nas contas não é um fim em si mesmo, mas o trampolim para recuperar a capacidade de crescimento do PIB.
"A rapidez é essencial para a economia voltar a crescer. Em particular, os agentes saberem a data em que, por exemplo, MPs terão seus efeitos é um fator importante para o resultado dessas medidas sobre as expectativas e na arrecadação dentro do ano", disse o ministro em entrevista por e-mail à Folha.
Alvo de críticas de políticos aliados, trabalhadores e até empresários por causa do corte seco nas despesas, Levy indicou que não mexerá um ponto sequer na meta de superavit primário. "Não há espaço nem intenção de reduzir a meta de 1,2% do PIB."
Joaquim Levy aposta ainda em uma reforma do PIS/Cofins neste ano. Para isso, porém, também precisará da aprovação do Legislativo.
Entraves
As dificuldades do governo no Congresso vêm do principal parceiro da coalizão, o PMDB. Nesta semana, o presidente do Senado, Renan Calheiros, simplesmente devolveu ao Planalto a medida provisória que estabelecia, com efeito imediato, a elevação das alíquotas sobre a folha de pagamento de 56 setores.
A retaliação forçou Dilma Rousseff a enviar as mudanças por projeto de lei, que exige aprovação do Legislativo para começar a valer.
O episódio renovou a insegurança do mercado sobre as condições do governo de aprovar o pacote fiscal. Neste momento, agências de classificação de risco estão no país para estudar se mantêm a avaliação de que o Brasil continua um lugar seguro para investir.
O ministro da Fazenda defende as medidas adotadas até agora fazendo uma comparação indireta com o regime que fez a presidente Dilma perder peso.
Segundo ele, uma "dieta efetiva requer comer menos e melhor". Seguindo essa receita, diz, os "resultados aparecem" apesar do ceticismo de alguns.
E sentencia, com direito a exclamação e tudo: "O Brasil não está doente!".
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