• Justiça aceita denúncia contra 27 pessoas por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
Germano Oliveira e Renato Onofre* - O Globo
SÃO PAULO E CURITIBA - A Justiça Federal do Paraná aceitou ontem, pela primeira vez, denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o ex-diretor de Serviços e Engenharia da Petrobras Renato de Souza Duque e o ex-gerente da estatal Pedro Barusco. Eles e outras 24 pessoas se tornaram réus na Justiça Federal sob a acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Entre elas estão o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, que já é réu em outras seis ações criminais.
O MPF apresentou a denúncia no última dia 16, quando a décima fase da Operação Lava-Jato foi deflagrada com o nome de "Que país é esse?", frase atribuída a Duque, que reclamava das investigações envolvendo seu nome para o seu advogado. Nesta fase, Duque foi preso pela segunda vez. O pedido de prisão foi motivado por movimentações financeiras realizadas pelo ex-diretor em contas bancárias no exterior. Ele foi flagrado transferindo da Suíça para Mônaco quantias superiores a ¬ 20 milhões.
Segundo a denúncia, Vaccari participava de reuniões com Duque para tratar de pagamentos de propina, feitas por meio de doações oficiais ao PT. Assim, os valores chegavam como doação lícita, apesar de serem oriundas de propina.
O MPF diz que foram 24 doações em 18 meses, no valor de R$ 4,2 milhões. Vaccari indicava em que contas deveriam ser depositados os recursos de propina, segundo a denúncia. "Vaccari tinha consciência de que os pagamentos eram feitos a título de propina", diz o procurador Deltan Dallagnol.
Entre os réus, 15 são empreiteiros, cinco são operadores e quatro, ligados aos operadores. Há dois ex-diretores da Petrobras e um ex-gerente. A denúncia envolve desvio de recursos da Petrobras em quatro obras: Refinaria Presidente Getulio Vargas (Repar), Refinaria de Paulínia (Replan), Gasoduto Pilar/Ipojuca e Gasoduto Urucu Coari. As empresas responsáveis pelas são OAS, Mendes Júnior e Setal.
Em despacho, o juiz Sérgio Moro, que aceitou a denúncia, diz que parte dos recursos pode ter ido para políticos: "É provável que parte da vantagem indevida tenha sido direcionada a autoridades com foro privilegiado e que não foram incluídos na denúncia".
Em nota, Vaccari negou ter cometido esses crimes. A direção do PT espera que ele entregue o cargo após reunião da Executiva Nacional, prevista para 30 de março. (*Enviado especial a Curitiba; colaborou Tatiana Farah)
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