• O governo é avaliado como “ótimo” por apenas 1,9% da população; a classificação de péssimo soma 45,6%. A presidente Dilma Rousseff é desaprovada por 77,7%; a aprovação é de apenas 18,9%.
- Correio Braziliense
A pesquisa CNT/MDA divulgada ontem pela Confederação Nacional dos Transportes confirmou a tendência apontada pela pesquisa Datafolha da semana passada, consolidando o impacto das manifestações de 15 de março na população, já que foi realizada entre os dias 16 e 19. Mostra um rosário de informações negativas para a presidente Dilma Rousseff, cujo governo parece estar em colapso para a opinião pública.
A pior das notícias para o Palácio do Planalto, sem dúvida alguma, é a de que Dilma perderia as eleições para Aécio Neves (PSDB) se o pleito fosse hoje: 55,7% votariam no tucano no segundo turno e apenas 16,6% na petista. Votos nulos e brancos somariam 22,3%. No segundo turno da eleição presidencial de 2014, 41,6% dos entrevistados afirmaram ter votado em Dilma Rousseff, e 37,8%, em Aécio Neves. Outros 10,8% disseram ter votado em branco ou nulo.
Isso significa que Dilma venceu as eleições, mas sofreu uma derrota política na sequência do pleito, da montagem do Ministério às manifestações de 15 de março. Menos de 80 dias após a posse, quando o normal seria estar gozando de grande popularidade e apoio político, Dilma está no sal. De onde veio essa reviravolta? Do golpismo da oposição? De uma campanha udenista da imprensa? Da sabotagem dos aliados do PMDB no Congresso? Nada disso, Dilma é que cavou um abismo com os seus pés, para tomar emprestado um lindo verso de Cartola.
Os dados da pesquisa são um massacre: o governo é avaliado como “ótimo” por apenas 1,9% da população; a classificação de péssimo soma 45,6% dos entrevistados. A presidente Dilma Rousseff tem o seu desempenho pessoal desaprovado por 77,7%; a aprovação é de apenas 18,9%.
A ideia de que Dilma Rousseff praticou um estelionato eleitoral está enraizada na população. Por dois motivos: primeiro, porque errou na condução da economia, manipulou os dados oficiais sobre ela e manobrou as políticas públicas irresponsavelmente, com o objetivo de se reeleger. Segundo, porque, em razão disso, está fazendo tudo ao contrário do que havia prometido na campanha. A realidade não confere com a propaganda que foi ao ar na campanha eleitoral.
Na reunião da coordenação política de ontem, Dilma anunciou que pretende decidir pessoalmente os cortes que serão feitos no Orçamento, a partir de uma lista de prioridades apontadas pelos ministros. Tenta mitigar os efeitos do ajuste e salvar algumas bandeiras de campanha. Do outro lado da Praça dos Três Poderes, porém, para aprovar o ajuste, o PMDB cobra a redução de 40 para 20 ministérios e um corte de 50% nos milhares de cargos comissionados.
O discurso peemedebista é de quem está disposto a aprovar o ajuste fiscal desde que o PT perca um naco grande de poder. Dilma tenta acalmar os aliados oferecendo o Ministério da Educação a Gabriel Chalita, peemedebista de São Paulo ligado ao vice-presidente Michel Temer, como moeda de troca. É ou não é mais do mesmo?
Economia e ética. O pior é que a insatisfação da opinião pública está concentrada no governo federal, apesar da grande ojeriza da maioria dos cidadãos aos partidos e do desgaste dos políticos. A aprovação dos governadores e prefeitos atingem 24,4% e 26,8%, respectivamente, índice acima do registrado pelo governo federal. Por outro lado, a rejeição aos governadores é de 26,7%; a dos prefeitos, 41,8%, percentuais abaixo do verificado em relação ao Planalto.
A insatisfação com a economia já é grande e tende a aumentar. A expectativa é negativa em relação ao emprego, que sempre foi um ponto forte do governo. Apenas 13,9% acham que vai melhorar nos próximos seis meses, enquanto 45% responderam que ficará igual. Outros 37% apostam numa piora. Segundo a pesquisa, 91,2% afirmam que sentem os reflexos da inflação na própria vida; 95,9% responderam que percebem aumento no preço dos alimentos; 91,2% dizem o mesmo em relação ao transporte. A percepção sobre o aumento dos custos também é vista em relação aos serviços de saúde (84,5%) e no preço da água e luz (97,4%).
Na saúde, 40,1% dizem que vai piorar. Somente 13,3% apostam em melhora. O mesmo ocorre com a educação, sobre a qual 42,2% acreditam que vai piorar, e 15,4% dizem que vai melhorar. Além da economia, as denúncias de corrupção na Petrobras ajudam a pôr a imagem de Dilma à beira do precipício. De acordo com a pesquisa, 85% estão acompanhando o assunto, e 68,9% acreditam que a presidente é culpada pela corrupção.
A grande novidade é 67,9% acharem que Lula é o culpado pelo escândalo, o que limita a capacidade de o ex-presidente influenciar a opinião pública em favor do governo, e reforça a estratégia que adotou na crise: mergulhar. Tudo junto e misturado, agrava-se a situação do governo: 75,4% apostam que o segundo mandato da presidente Dilma será pior do que o primeiro; e 66,9% acreditam que o governo federal não será capaz de reverter a atual crise. Não é outro o motivo de 59,7% dos entrevistados serem a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. E apenas 37,7% serem contra o afastamento dela da Presidência. É de tirar o sono dos governistas.
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