• Temer cobra atendimento de demandas de aliados na véspera da votação de medidas provisórias na Câmara
• Demora para preencher vagas no segundo escalão deixa inseguros deputados dos partidos que apoiam o Planalto
Valdo cruz, Marina Dias, Flávia Foreque – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA -O vice-presidente Michel Temer, articulador político do governo Dilma Rousseff, cobrou pressa nas nomeações de cargos do segundo escalão e empenho dos partidos aliados, principalmente do PT, para evitar uma derrota do Palácio do Planalto na votação das medidas do ajuste fiscal.
O vice-presidente defendeu em reuniões do governo acelerar a publicação das nomeações, alegando que alguns parlamentares estão "ansiosos" na semana em que começam a ser votadas no plenário da Câmara as medidas provisórias do ajuste fiscal.
Temer disse também que pediu ao PT que "se dedique por inteiro a essa aprovação" e que telefonou para "todos os ministros do PMDB" para que orientassem os deputados do partido com esse objetivo.
Na mesma linha, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fez cobranças ao partido da presidente. "Se o PT não tiver acordo [sobre o tema], vai ser difícil convencer os partidos da base a acompanhá-lo", disse Cunha.
Um assessor presidencial disse à Folha que cerca de 50 cargos foram encaminhados para nomeação, dentro dos acordos fechados por Temer, mas estão demorando para serem publicados no "Diário Oficial" da União por causa de dificuldades burocráticas.
Segundo ele, a demora é "compreensível" porque havia um "represamento" nas nomeações e que, agora, o fluxo de indicações aumentou muito para a Casa Civil, gerando uma "fila normal".
Dúvidas
A ordem é tentar acelerar a burocracia para acabar com "dúvidas" em parlamentares da base aliada, que temem votar a favor do governo e não terem seus pleitos atendidos.
Além dos 50 cargos encaminhados à Casa Civil, a área política espera concluir nesta semana negociações para preencher mais 70 a 100 postos de segundo escalão.
As tratativas de Temer para acelerar as nomeações resultaram, nesta segunda (4), na publicação no "Diário Oficial" da nomeação do economista Marcos Costa Holanda como presidente do Banco do Nordeste. Holanda é ligado ao líder do PMDB no Senado, Eunício de Oliveira (CE), e substituirá Nelson de Souza, funcionário de carreira da Caixa e considerado da cota do PT.
Temer também alertou aos partidos aliados que, "se não houver o ajuste, o contingenciamento [bloqueio de gastos] será muito radical. Se houver o ajuste, o contingenciamento será muito menor".
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse, após reunião com a articulação política do Planalto, que tudo já havia sido negociado nas MPs do ajuste fiscal e não havia mais espaço para novas negociações.
Sobre as cobranças dirigidas ao PT, o líder afirmou: "É claro que, para a base, a posição do PT é estratégica. [...] O PT engata a primeira marcha, o PMDB, a segunda, e a partir da terceira colocamos o carro para andar para a votação".
A medida provisória que restringe o acesso ao seguro-desemprego deve ser votada no plenário da Câmara nesta terça-feira (5). Na quarta (6), o governo espera levar ao plenário a medida que muda as regras da pensão por morte.
Colaborou Ranier Bragon, de Brasília
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