- Folha de S. Paulo
Anunciado o megacorte de R$ 70 bilhões, Dilma e Lula respiravam aliviados. Para eles, o "pior passou" e, agora, é hora de mudar a agenda do governo. Sair da negativa e entrar na positiva.
A estratégia é enfileirar uma série de lançamentos a partir de junho. Plano Safra, Plano de Exportações, Plano de Concessões, Minha Casa, Minha Vida Três e por aí vai.
Enquanto tática para mudar o astral do país, nada contra. Faz parte do show de qualquer governo. Só que, sem querer dar uma de estraga-prazeres, o pior, infelizmente, ainda não passou. Está por vir pela frente.
Primeiro, se virou a página do corta aqui, aperta ali, o governo passa a conviver com os efeitos amargos das tesouradas de Joaquim Levy. Começa de fato a fase da penúria, que vai gerar paralisia e chiadeira.
Segundo, a economia tende ao "chão" nos próximos meses, com ajuste fiscal e aperto nos juros a todo vapor e desemprego rumando para algo próximo de dois dígitos.
Terceiro, não por outro motivo, o fogo amigo contra o ministro da Fazenda, antes contido, esquentou um pouquinho mais cedo do que imaginava a equipe econômica.
E começou com o apoio discreto, porém vital, de Lula. Num momento em que o próprio Joaquim Levy cria um roteiro no qual sai com cara de perdedor de uma disputa em que mais ganhou do que perdeu.
Ao faltar ao anúncio do megacorte, Levy mostrou que algo não está como ele quer. Só que, não fosse ele, o corte seria bem menor, perto de R$ 60 bilhões, como defendiam a Casa Civil, o Planejamento e a ala política.
Ruídos que põem em risco a estratégia montada por Dilma e Levy, comprada pelo mercado, de reconquistar a credibilidade fiscal para garantir a retomada da economia.
Tudo somado, a semana começa com especulações sobre o futuro do ministro da Fazenda e dúvidas sobre a votação do pacote fiscal no Senado, péssima mistura para quem desejava sair da agenda negativa.
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