• Contrariado com rumos da Lava-jato, senador fala em risco para a democracia
Cristiane Jungblut – O Globo
BRASÍLIA - Em constante atrito com o Palácio do Planalto e irritado com a ação da Polícia Federal na Operação Lava-Jato, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acelerou o processo de instalação de duas CPIs pedidas pela oposição: a que trata dos fundos de pensão e outra sobre o BNDES. Em meio a novas denúncias envolvendo o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Renan, também citado nas investigações, voltou a atacar ontem a Lava-Jato, após ouvir um discurso sobre o assunto feito pelo senador Fernando Collor (PTB-AL), outro alvo de ação da PF, na terça-feira:
- Queria, mais uma vez, alertar que nossa democracia não pode pagar para ver, ela não pode correr risco. Não podemos permitir que um poder queira se afirmar em cima de outro poder, porque, assim, estaremos ferindo de morte a própria democracia. Vivemos um momento grave, preocupante - disse Renan.
A exemplo do que fizera quarta-feira, Collor discursou ontem e reclamou da PF. Segundo Collor, outros parlamentares podem ser afetados.
- E não se iludam, pois ninguém está livre disso. Daqui mesmo, desta Casa, novas vítimas podem sair, novas histórias poderão ser maldosamente construídas. Estamos num terreno de um verdadeiro vale-tudo! - disse Collor.
As duas CPIs devem começar a funcionar em agosto. Ontem à noite, a presidência do Senado indicou os nomes para a comissão dos fundos de pensão, incluindo o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), e o próprio Collor.
Nos bastidores, aliados de Renan dizem que ele está muito preocupado com os desdobramentos da Lava-Jato. Pelas regras do Senado, após lidos os nomes, é marcada a instalação da CPI, ou seja, a data em que ela começa de fato a funcionar. No caso da CPI do BNDES, a tramitação está atrasada.
- No dia 6 de agosto, vou fazer a leitura do requerimento da Comissão Parlamentar de Inquérito do BNDES - anunciou Renan.
As duas CPIs incomodam o governo. A dos fundos de pensão foi pedida pelo PSDB para investigar a gestão de fundos de estatais, em especial do Postalis, dos funcionários dos Correios. No caso da CPI do BNDES, as investigações devem afetar o ex-presidente Lula, acusado de tráfico de influência internacional por obras financiadas pelo banco.
- Presidente Renan, Vossa Excelência cumpre, então, o compromisso assumido com a oposição - comemorou o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG)
Nenhum comentário:
Postar um comentário