sábado, 7 de novembro de 2015

Governo tenta pôr fim à greve de petroleiros

• Queda na produção da Petrobras é de 830 mil barris de petróleo. Estatal agenda nova reunião com FUP

Gabriela Valente – O Globo

-BRASÍLIA, RIO e SÃO PAULO - Na tentativa de conter mais uma crise, governo e Petrobras tentarão negociar com os trabalhadores em greve para que a paralisação dos petroleiros termine na semana que vem. Uma reunião foi marcada para a próxima segunda-feira na tentativa de um acordo, apesar de a pauta de reivindicações ser considerada impraticável pela estatal. A percepção da cúpula da empresa é que o movimento perdeu força e não será preciso colocar em prática um “plano B” para garantir o abastecimento de combustível. Os estoques atuais ainda duram um longo período, segundo fontes do governo.

O tamanho dos estoques é considerado uma informação estratégica, guardada sob sigilo. Fontes garantem, entretanto, que a Petrobras tem estocado combustível suficiente para não depender da produção atual.

— Não tem plano B. Os estoques estão altos, e essa greve não passa de segunda. É a minha intuição — afirmou uma fonte da cúpula da Petrobras. — Está longe de pensar nisso (plano B) . Temos estoque para muito tempo — completou.

No entanto, outras fontes da estatal confirmaram que o plano de contingência montado para o caso de a greve durar mais tempo seria a importação de combustível. Mas a possibilidade é considerada remota, ainda mais com a perda de fôlego do movimento.

Ontem, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) informou que o número de unidades marítimas na Bacia de Campos paralisadas caiu de 48 para 46. Dessas, 26 estão completamente paradas. Um dia antes, esse número era de 30 unidades. Os números animaram os executivos da Petrobras, que agendaram reuniões com as entidades sindicais na segunda-feira, na tentativa de buscar entendimentos para o fechamento do um acordo coletivo. Isso interromperia a paralisação, que já custou à empresa a produção de 830 mil barris de petróleo.

FUP cita termelétricas paradas
Segundo a FUP, na área de Exploração e Produção de petróleo, há mais paralisações que as 46 unidades da Bacia de Campos. Também aderiram à greve seis plataformas no Ceará, duas no Espírito Santo, além dos campos de produção terrestre na Bahia, no Rio Grande do Norte e no Espírito Santo.

Também estariam paradas unidades de tratamento e processamento de gás natural (ES, RN e CE), usinas de biodiesel (MG, BA e CE) e termelétricas (Duque de Caxias, CE, MG, MS, RS, BA, RN).

“Os sindicatos continuam denunciando as condições inseguras de trabalho das equipes de contingência, que, em várias unidades, estão trabalhando há mais 72 horas”, disse a entidade em nota.

“A FUP orientou os petroleiros que integram as equipes de contingência a entregarem os seus postos de trabalho. Só este ano, já são 20 trabalhadores mortos em decorrência da insegurança no Sistema Petrobras”, completou a entidade.

O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindcom) informou ontem que não tinha registrado qualquer problema de abastecimento em postos no país. José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro, que representa os donos de postos de São Paulo, disse que também não recebeu reclamações:

— Por enquanto, não há sinais de problemas.

Com a greve, que começou no domingo, a Petrobras já deixou de produzir cerca de 830 mil barris de petróleo. Só ontem, foram 115 mil barris a menos produzidos.

Colaboraram Bruno Rosa e Ronaldo D’Ercole

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