- O Tempo (MG)
Cartomantes, videntes, jogadores de búzios: salvai-nos! Pintem de dourado as perspectivas de nosso futuro imediato. Todas as preces sejam lançadas aos céus. Que a fé desse povo guerreiro rasgue novos horizontes longe da nebulosa realidade presente.
O ano de 2015 não deixará saudades. De positivo, somente o vigor das instituições republicanas e democráticas e a mobilização nas ruas, mostrando que outro país é possível.
A economia brasileira está derretendo em depressão profunda. Marcha à ré no PIB de 3%. Desemprego batendo na porta de 9 milhões de trabalhadores. A indústria brasileira indo pelo ralo. Inflação alta de 10%. Agências de classificação de risco rebaixando o Brasil para a segunda divisão. Estrangulamento fiscal absoluto. Déficit nominal de 10% do PIB. Dívida bruta na casa dos 70% do PIB. Investimento público raquítico. A renda por habitante despencando 8% em três anos. Desmoralização da contabilidade pública com maquiagens contábeis, pedaladas fiscais e decretos ilegais. Crise de credibilidade e confiança. O governo sem bússola colocando o país à deriva.
Paralelamente, a Lava Jato mostrou um quadro devastador em que a corrupção sistêmica e institucionalizada foi convertida em método de governo do “presidencialismo de cooptação”. Orquestrada pelo PT, uma extensa rede de desvios lançou seus tentáculos por toda a máquina pública. As cifras bilionárias fizeram o mensalão parecer um jogo de crianças. A indignação da sociedade foi encontrar resposta em figuras como o juiz Sérgio Moro, o procurador da República Deltan Dallagnol ou até mesmo o simpático japonês da Polícia Federal, Newton Ishii.
Os chefes dos Poderes Executivo e Legislativo estão no centro dos acontecimentos. Dilma foi ministra de Minas e Energia, presidente do Conselho da Petrobras e “Mãe do PAC”. Todas as obras fontes de corrupção estavam sob a sua alçada. Por ação ou omissão, conivência ou incompetência, comando ou negligência, teve o domínio dos fatos. Se não é beneficiária pessoal, é, no mínimo, beneficiária política e deve responder por isso. Renan Calheiros e Eduardo Cunha estão diante de graves e fortes denúncias, submetidos a investigação. Tudo isso bastaria para transformar 2015 em um ano destrutivo face às esperanças da sociedade brasileira.
Some-se a isso o estelionato eleitoral com promessas, como a diminuição da tarifa de energia, transformadas em pesadelo para a população e a rejeição absoluta ao governo lulopetista de Dilma, e construímos uma base nada animadora para a decolagem de 2016. Sem falar no desastre ambiental de Mariana.
A perspectiva de um crescimento negativo novamente de 2,5%, de 11 milhões de desempregados ao final do ano e da permanência em suspense do destino de Dilma e Cunha já craveja de interrogações o ambiente de 2016.
Mas o Brasil é maior que a crise. E perder a esperança não iluminará o futuro. Um 2016 feliz dependerá de todos nós.
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Marcus Pestana, deputado federal (PSDB-MG)
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