- Folha de S. Paulo
O ministro Manoel Dias (Trabalho) está prestes a entrar no rol daqueles que estão em busca de "novos desafios", um eufemismo usado pela turma que perde emprego e precisa voltar a gastar sapato para encontrar nova ocupação.
Correligionários do ministro do PDT vão alegar que a saída de Dias do governo --para muitos, uma mera questão de tempo-- é resultado das pressões de líderes de outros partidos da base aliada da presidente Dilma Rousseff e de assessores presidenciais. Mas o comportamento de deputados da oposição é que pode ter sido a pedra fundamental para sacramentar a futura despedida.
A forma como se faz política no Brasil merece diversas críticas, mas alguns critérios adotados são relativamente fáceis de ser explicados.
Partidos montam uma aliança para ganhar o direito de comandar o país. Após a confirmação da vitória nas urnas, a administração do governo eleito é organizada entre as legendas que se esforçaram para emplacar o novo inquilino do Planalto.
Fechada a distribuição de tarefas (cargos, na verdade) entre os aliados, o chefe da tropa espera que, nas votações e disputas no Congresso, seus escolhidos para postos-chave tenham a mínima capacidade de arrancar de partidários o apoio necessário para a aprovação de medidas defendidas pelo comando central.
Dois critérios são sempre citados durante as discussões sobre a formação de gabinetes presidenciais. O futuro ministro precisa ter representatividade política --o que significa controlar sua bancada-- ou notabilidade na área em que for comandar.
Pelo resultado registrado na votação da última quarta-feira (6), Dias deixou claro que sua representatividade entre os pedetistas é nula.
Como defender a manutenção de um ministro que conseguiu a proeza de ter toda a bancada contra o governo, enquanto o DEM, inimigo visceral dos petistas, garantiu oito votos de apoio ao pacote de Dilma?
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