Nosso país vive uma grave crise econômica com desdobramentos nítidos e preocupantes na qualidade de vida da nossa população, especialmente dos mais vulneráveis. Equívocos e demagogia populista geraram instabilidade de regras e provocaram um desajuste que custará muito para ser superado. Mais grave porém – barreira para a retomada da atividade econômica – é a crise de confiança hoje existente! Crise expressa no descrédito e inanição da Presidência da República que “terceirizou” sua orientação econômica e sua ação política.
Essa crise, porém, se desdobrou em outras instâncias e em claro questionamento que emerge das ruas, da sociedade quanto aos atuais partidos políticos. Pressentimos isso a partir das manifestações de 2013, o que nos impulsionou a buscar uma alternativa para as últimas eleições presidenciais, e assim participamos da constituição da chapa e da campanha de Eduardo Campos/Marina Silva.
Não vencemos as eleições, mas os fatos demonstraram que estávamos certos. Esta convicção se fortaleceu ainda mais com os escândalos e o estelionato eleitoral, repudiados pelas recentes manifestações populares.
Assim surge a proposta da fusão do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e do Partido Popular Socialista (PPS). A legenda que surgirá da união atuará como nova alternativa na política nacional com 45 deputados federais; oito senadores (contados com o ingresso da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy); três governadores; 92 deputados estaduais; 588 prefeitos; sendo quatro de capitais; 5.832 vereadores e 792 mil filiados e se fortalecerá com adesões de novas lideranças para uma nova política.
A fusão costura uma aliança programática entre históricos protagonistas das esquerdas brasileiras, diminui a dispersão do espectro partidário e segue no sentido de propor a polarização entre PT e PSDB. Juntos, PSB e PPS podem caminhar para a formulação de um genuíno pacto político capaz de abrir um novo ciclo democrático de desenvolvimento econômico e social para o Brasil.
Para os que estranham esses entendimentos lembro que o PPS é um dos legítimos herdeiros do Partido Comunista Brasileiro (PCB), fundado em 1922, e que o PSB descende historicamente do partido socialista fundado em 1947. Os dois registram longa história de lutas conjuntas. PCB e PSB, por exemplo, ao lado de outros setores progressistas, animaram a Frente Nacionalista, surgida a partir da histórica campanha do “Petróleo é Nosso” que resultou na criação da Petrobras em 1953. Comunistas e socialistas estiveram juntos também nas campanhas da Anistia e das Diretas-Já.
Quando os partidos se uniram em torno da candidatura à Presidência da República de Eduardo Campos e Marina Silva vivenciaram uma ação conjunta que fundamenta ainda mais a convergência do presente. Temas tais como a retomada do desenvolvimento econômico, a questão primordial da sustentabilidade ambiental, a manutenção do espirito republicano das instituições, a defesa intransigente da democracia, orientam nossa unidade e nossa atuação.
As legendas devem discutir o novo estatuto partidário e pretendem finalizar o processo antes de outubro, para que seus integrantes possam disputar as eleições municipais de 2016. É o desfecho coerente e natural da visão que temos da política e das lutas por uma sociedade mais humana, mais justa e sustentável econômica, social e ambientalmente. Almejamos um renovado modo de fazer política, de contribuir para o diálogo político, para o aperfeiçoamento das instituições, o fortalecimento da democracia e a valorização dos cidadãos.
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* Arnaldo Jardim é deputado federal licenciado (PPS-SP) e secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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