• Em livro, ex-presidente uruguaio José Mujica relata conversa com o petista ocorrida em 2010, depois do mensalão
• Brasileiro nega que fala tenha ligação com o esquema de corrupção, que levou à prisão líderes de seu partido
Mariana Carneiro – Folha de S. Paulo
BUENOS AIRES - Em biografia recém-lançada, o ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica relata a dois jornalistas conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) em que o petista disse, segundo a obra, ter tido de "lidar com muitas coisas imorais, chantagens", durante o governo.
A conversar teria ocorrido em março de 2010, segundo o relato de Mujica. "Essa era a única forma de governar o Brasil", continuou o brasileiro, sempre de acordo com o livro. Mujica conta que Lula falou com pesar, em encontro semanas antes de o uruguaio assumir a presidência.
Inicialmente, as falas foram interpretadas como uma possível referência ao episódio do mensalão, em 2005, que terminou com a prisão de líderes petistas --o que foi negado publicamente por um dos autores da biografia.
Explicação
Mujica narra que Lula sentia a necessidade de explicar a situação. No Brasil, o petista sempre negou que tivesse conhecimento do mensalão. Em declarações dadas em 2005, após a revelação do esquema, o então presidente disse que se sentia traído.
"Quero dizer a vocês, com toda a franqueza, eu me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento. Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia, e que chocam o país", disse Lula.
No livro, Mujica parece solidarizar-se. Diz que "Lula não é um corrupto como [Fernando] Collor de Mello e outros [ex-]presidentes brasileiros" e até Abraham Lincoln teria comprado votos para que seus projetos virassem leis.
As frases repercutiram após reportagem do jornal "O Globo". Procurada pelaFolha, a assessoria de Mujica disse que ele não falaria.
O Instituto Lula publicou texto criticando a versão: "Lamentamos que uma vez mais a imprensa brasileira se utilize de imprecisões para gerar interpretações equivocadas e divulgar mentiras".
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