• Enfraquecimento do PT aumenta a competição no PSDB
- Valor Econômico
Com a perspectiva de interrupção do mandato presidencial em baixa, volta a se acelerar a disputa pela hegemonia dentro da oposição. Como já se tornou um hábito dentro do PSDB, o partido não consegue terminar uma eleição presidencial deixando estabelecidos procedimentos para competições internas.
Aécio Neves é o presidente da sigla e sua ascendência dentro da bancada do partido no Senado e na Câmara é incontestável. Também interessado em concorrer à Presidência em 2018, o governador paulista Geraldo Alckmin já avisou que quer regras que retirem da cúpula da sigla o poder de definir o candidato presidencial.
A realização de prévias partidárias para a escolha do candidato tucano à Prefeitura de São Paulo sinaliza para o modelo que Alckmin gostaria de ver implantado em nível nacional.
Será difícil concretiza-lo. Quadros partidários fragmentados como o brasileiro não favorecem a realização de primárias e um dirigente de agremiação com pretensões eleitorais tende a se comportar de modo cartorial. É o dono da ata, o rei do pedaço. Alckmin entra em uma competição interna com Aécio em clara desvantagem.
O governador paulista conta com um instrumento de dissuasão: está facultada para detentores de cargos eletivos no Executivo a troca de partido para disputar uma eleição até seis meses antes do pleito.
Alckmin estabeleceu pontes no PSB, no DEM e no PPS e está disposto a usá-las, caso se sinta atropelado dentro da sigla no processo de escolha do candidato presidencial em 2018 e sem espaço para diálogo. É uma manobra de alto risco, que, levada às últimas consequências, poderia provocar uma pulverização da eleição presidencial em 2018.
A entrada simultânea de Aécio e Alckmin no quadro eleitoral, ao lado de Marina Silva, Ciro Gomes e Jair Bolsonaro iria diluir o antipetismo e estimular a entrada em cena de outros atores, como o senador José Serra. Trata-se de uma aposta que só fará sentido caso o PT, leia-se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se reduza ainda mais como força eleitoral em razão do vendaval da depressão econômica e da Operação Lava-Jato.
De todas as pontes existentes para que Alckmin contorne Aécio, a mais óbvia é a do PSB, partido de seu vice, Márcio França, que conta com três governadores, 34 deputados estaduais e nenhum nome que seja potencialmente um presidenciável. Daria a Alckmin um verniz de esquerda e ao PSB um projeto de poder, realizando o casamento entre a mão e a luva.
O governador paulista gosta de lembrar que é o filiado número 7 do PSDB, mas o fato é que sempre demarcou uma distância entre si e a legenda. Todas as vezes, e foram muitas, em que Alckmin mencionou a necessidade do PSDB "amassar barro", ou seja, se tornar um partido mais permeável às bases, estava de forma sutil pontuando o caráter elitista da sigla, desde seu ponto de vista.
A eleição presidencial de 2006 deixou cicatrizes dentro do partido. Alckmin na ocasião prevaleceu como candidato sobre a vontade do triunvirato que mandava no PSDB, formado por Tasso Jereissati, Fernando Henrique e o próprio Aécio. O trio havia decidido em um almoço no bairro de Higienópolis que o candidato a presidente seria Serra. Alckmin não se conformou e ameaçou levar a disputa a uma convenção. Ao perceber que não unia o partido, Serra desistiu.
O governador paulista construiu uma narrativa de que é um político de raiz popular, um ex-prefeito de Pindamonhangaba que ganhou três eleições para o governo estadual, convivendo em um meio aristocrático. A ele convém esta distância. Não apenas suaviza sua imagem conservadora, mas o dissocia de um dos pontos fracos tucanos. De quebra, faz com que se duvide se a possibilidade de um movimento ousado como esse seria apenas um blefe.
Não há precedentes, em sua escala de grandeza, para a depredação sofrida pela Petrobras nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Não se levando em conta a proporcionalidade dos escândalos, contudo, há pouco sabor de novidade nas histórias decorrentes das malfeitorias da Operação Lava-Jato. O protagonismo recente na mídia do ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos Pedro Paulo Leoni Ramos reforça a sensação de que o que foi é o que será. Nada de novo debaixo do sol.
Suspeitas e evidências de corrupção na principal estatal do país são parte do noticiário corrente desde a redemocratização. Concentram-se em um eixo: compra e aluguel de plataformas e navios-sonda; venda de derivados de petróleo e operações financeiras da empresa. Essencialmente o mesmo cardápio atual.
O primeiro escândalo de alto impacto midiático envolvendo a Petrobras teve como foco a BR Distribuidora, em 1988, à época dirigida pelo general Alberico Barroso Alves. Um grupo de funcionários da distribuidora estaria extorquindo pequenos e médios bancos para manter nessas instituições o desconto de duplicatas da subsidiária, em troca do pagamento de comissões.
Na reta final do governo de José Sarney, veio à tona outro caso: o suposto superfaturamento no aluguel de sondas e de plataformas de exploração, em uma operação com dispensa de concorrência e sem o aval do setor jurídico da estatal, em março de 1989.
Estrela de primeira grandeza do atual escândalo, Fernando Collor viveu em seu governo dois casos que abalaram a Petrobras, protagonizados pelos seus dois principais operadores, que montaram esquemas se não concorrentes ou complementares, pelo menos paralelos. O de Pedro Paulo; o PP, e o de Paulo César Farias, o PC. O último apareceu pela primeira vez no noticiário ao ser acusado de pressionar a Petrobras para vender petróleo fiado para a Vasp. O segundo montou um esquema de tráfico de influência cooptando funcionários. Sua demissão do governo marcou a última reforma ministerial de Collor e antecedeu apenas em algumas semanas a descida do então presidente para seu colapso político.
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