• Delegados vão pressionar o governo a cumprir exigências da categoria como forma de garantir que a substituição no Ministério da Justiça não implique em redução do poder da corporação
Leonardo Augusto - O Estado de S. Paulo
BELO HORIZONTE - Delegados da Polícia Federal vão pressionar o governo a cumprir exigências da categoria como forma de garantir que a substituição de José Eduardo Cardozo pelo ex-procurador-geral da Bahia, Wellington César Lima e Silva, no Ministério da Justiça não implique em redução do poder da corporação. A troca na pasta não foi bem recebida pelos delegados, sobretudo diante dos rumores de que a mudança teria ocorrido por pressão do PT, em função das investigações da Operação Lava Jato. Uma das exigências será a manutenção das operações em andamento.
Entre 8 e 10 de março, diretores regionais da Associação dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) se reunirão com o presidente da entidade, Carlos Eduardo Miguel Sobral, em Brasília, para discutir o que chamam de "formas de defender a Polícia Federal de pressões externas e internas", conforme o diretor da associação regional de Minas Gerais, delegado Luiz Augusto Pessoa Nogueira. "Não queremos corte ou diminuição de orçamento, nem enfraquecimento das grandes operações em andamento, com a retirada de policiais, e cobraremos apoio a novas operações", afirma.
Os delegados querem ainda que a escolha do diretor-geral da Polícia Federal seja feita por lista tríplice, com nomeação do mais votado pela categoria. Hoje, a indicação para o cargo é prerrogativa do ministro da Justiça. O posto é ocupado atualmente por Leandro Daiello, que já teria a garantia do Palácio do Planalto de que não deixará a função. O novo ministro da Justiça, Wellington César, também disse, em entrevista o Estado, que pretende manter Daiello no cargo.
Por conta dos rumores de motivação política na troca no Ministério da Justiça, a pressão da ADPF contra o governo começou na segunda-feira, 29, quando foi confirmada a saída de Cardozo.
Em nota, a entidade afirmou ver com "extrema preocupação" a mudança na pasta. O texto afirmava ainda que "os delegados federais reiteram que defenderão a independência funcional para a livre condução da investigação criminal e adotarão todas as medidas para preservar a pouca, mas importante, autonomia que a instituição a PF conquistou". A associação pontuou também permanecer "compromissada em fortalecer a Polícia Federal como uma polícia de Estado, técnica e autônoma, livre de pressões externas ou de orientações político-partidárias".
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