• Pedalinhos que estão no sítio Santa Bárbara, em Atibaia, têm nomes iguais aos de dois netos do ex-presidente e foram comprados em loja de São Lourenço por assessor da Presidência
Luiza Souto - O Globo
Os dois pedalinhos que estão no lago do sítio de Atibaia ( SP) frequentado pelo ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm capas com os nomes de dois netos e foram comprados por um assessor especial da Presidência da República. O subtenente Edson Antônio Moura Pinto, de 48 anos, foi quem encomendou e pagou R$ 5,6 mil pelos equipamentos, adquiridos em uma loja de São Lourenço (MG).
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Os brinquedos, em forma de cisne branco, têm capas pretas com os nomes de Pedro, de 5 anos, filho de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha; e Arthur, de 4 anos, filho de Sandro Luís. As imagens foram divulgadas anteontem pelo “Jornal Nacional”.
De acordo com nota fiscal emitida pela loja Ipê Fibras, que vendeu os equipamentos, e divulgada pelo site O Antagonista, os pedalinhos foram comprados pelo subtenente em dezembro de 2013, um ano após o lago ter passado por reforma. Uma cópia da nota foi enviada ao GLOBO pela Ipê Fibras.
— Ele (Moura) nos achou na internet e nos ligou. Não chegou a vir aqui e também não disse para quem seriam os pedalinhos. Até falei que tinha loja em Atibaia, mas ele preferiu comprar conosco (em São Lourenço). Ainda dei desconto de R$ 48. Ele deu uma choradinha — explicou o dono da loja, José Reinaldo Ferreira da Silva.
O trabalho do subtenente é dar “apoio a ex-presidentes da República”. No dia seguinte à data de emissão da nota (19 de dezembro de 2013), Moura esteve no sítio, onde permaneceu até o dia 22 do mesmo mês. A Presidência pagou R$ 528,70 referentes às diárias dele. Moura não foi localizado para comentar a compra dos pedalinhos.
Por e- mail, o Instituto Lula confirmou que “o referido subtenente ocupa esse cargo, que é o de um assessor pessoal do ex-presidente para a função que ele ( Lula) indicar”. A instituição informou ainda que o funcionário “pode fazer esse tipo de tarefa, porque a lei estabelece que o papel dos funcionários é de segurança e apoio pessoal”.
O Instituto lembrou ainda que o ex-presidente e sua mulher, Marisa Letícia, “frequentam o sítio, que é de propriedade de amigos da família” e que “os proprietários do sítio constam na escritura e não são empresas offshore no Panamá”. Segundo a nota, os pedalinhos foram adquiridos por Marisa e deixados em Atibaia porque “não faz sentido guardar pedalinhos em um apartamento em São Bernardo do Campo”.
Alvo da Lava- Jato por envolvimento em desvios na Petrobras, a construtora Odebrecht teria realizado obras de reforma no local. O pecuarista preso na La-va-Jato José Carlos Bumlai, amigo de Lula, teria pagado parte da reforma do imóvel, segundo documentos apreendidos pela PF. Desde 2012, Lula e a família viajaram 111 vezes ao local, segundo revelou a revista “Época”. Logo após deixar a Presidência, Lula enviou seus pertences e de seus familiares para o sítio. Entre os itens transportados, havia 200 caixas, sendo 37 com bebidas.
Na segunda-feira, os advogados do ex-presidente Lula e de sua mulher apresentaram por escrito as explicações sobre o sítio de Atibaia, na investigação movida pelo Ministério Público de São Paulo. Segundo eles, o imóvel foi prospectado pelo sindicalista Jacó Bittar em 2010. Bittar tinha a intenção de oferecer a Lula um local em que pudesse guardar os objetos que ganhou durante o período em que permaneceu na Presidência.
Como ficou doente, Bittar teria dado o dinheiro para que seu filho, Fernando Bittar, fechasse o negócio. O valor, no entanto, teria sido insuficiente, o que levou Fernando a chamar Jonas Suassuna para entrar como sócio na propriedade.
No documento, os advogados afirmam que Lula só soube da compra do sítio no dia 13 de janeiro de 2011, dois dias antes de ir pela primeira vez ao local. O imóvel do sítio, assinalam, tinha apenas dois quartos e condições precárias. Desta forma, Bumlai ofereceu a reforma. “Depois, diante de algumas dificuldades técnicas, a obra foi concluída por uma empresa situada a cerca de 50 km do sítio Santa Bárbara”, diz o documento da defesa. O nome da empresa não foi informado.
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