Por Bruno Peres e Andrea Jubé – Valor Econômico
BRASÍLIA- O presidente Michel Temer aproveitou solenidade ontem no Palácio do Planalto para endurecer o discurso contra adversários do governo e prometeu um combate à desinformação principalmente no ambiente virtual. Em relação à principal acusação dirigida à sua gestão, de acabar com direitos sociais, Temer afirmou que o governo não é "idiota".
Temer fez um de seus mais duros discursos após a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que é "inaceitável" o governo mexer nos direitos dos trabalhadores. A reação do presidente, por sua vez, ocorreu no mesmo dia em que Lula foi denunciado por crime de corrupção pelo Ministério Público Federal (MPF), o que, na avaliação do Palácio do Planalto, enfraquecerá as teses da oposição ao governo Temer contrárias às reformas previdenciária e trabalhista.
O Palácio do Planalto avaliou ainda que a denúncia desqualifica mais o ex-presidente como cabo eleitoral, em um momento em que Lula já sofre rejeição em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e até mesmo em Recife, onde o PT entrou em curva decrescente nas pesquisas.
"É muito desagradável imaginar que um governo seja tão estupidificado, tão idiota, que chega ao poder para restringir direitos dos trabalhadores, para acabar com saúde, para acabar com educação", disse Temer durante cerimônia para anunciar um total de R$ 1 bilhão em recursos para a área de saúde originados de economia na administração do ministério.
Em meio a especulações de que tão logo fosse efetivado no cargo aproveitaria para trocar integrantes do primeiro escalão com desempenho considerado insatisfatório, Temer dirigiu-se ao ministro da Saúde, Ricardo Barros, para elogiá-lo e indicar sua continuidade no cargo.
"O Ricardo é um bom administrador. Em face do relato que fez dos seus quatro meses de governo, eu quero promovê-lo a ótimo administrador", disse Temer ao ministro. Indicado pelo PP para uma das pastas mais desejadas da Esplanada dos Ministérios, Barros envolveu-se durante a interinidade do governo em polêmicas e declarações constrangedoras para o Palácio do Planalto.
Em seu discurso, Barros aproveitou para enumerar ações e iniciativas que possibilitaram a eficiência na gestão do ministério, com revisão de contratos e aluguéis, por exemplo, e o remanejamento de recursos para mais investimentos em saúde básica.
"Continuaremos nessa missão, economizaremos muitos bilhões de reais", disse Barros, apontando posteriormente em entrevista à imprensa que essa será uma diretriz de seu ministério.
Mais cedo Temer divulgou, estrategicamente em redes sociais, um video para negar boatos de que trabalhadores demitidos sem justa causa perderiam direito ao saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviços (FGTS). Essa estratégia de comunicação será recorrente no governo.
"Divulgou-se que quem tivesse perdido o emprego por despedida injusta não poderia sacar o FGTS. Não é verdade. Não há nenhum pensamento a respeito disso no governo. O FGTS continuará a exercer seu papel, como vem exercendo ao longo do tempo", disse o presidente no video divulgado em redes sociais.
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