• Para Dilma, objetivo é impedir ex-presidente de ser candidato em 2018
Cristiane Jungblut - O Globo
-BRASÍLIA- A denúncia contra o ex-presidente Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia reabriu no Congresso a guerra verbal entre o PT e a antiga oposição liderada pelo PSDB. Enquanto aliados do ex-presidente qualificaram a ação do Ministério Público como uma perseguição, oposicionistas elogiaram a denúncia. No Twitter, a ex-presidente Dilma Rousseff disse que não há provas na denúncia e que o objetivo dos procuradores é atrapalhar a candidatura presidencial de Lula em 2018:
“É lamentável que uma denúncia sem provas seja feita contra o presidente Lula e sua família. É evidente que esta denúncia atende ao objetivo daqueles que pretendem impedir sua candidatura em 2018. Mais uma vez a democracia é ferida. Mais uma vez grave injustiça é cometida sem fundamentos reais. Agora, o alvo é o ex-presidente Lula. Certamente o expresidente saberá se defender, e as pessoas de bem saberão reagir”, escreveu Dilma.
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que é alvo de inquéritos na Lava-jato, classificou de “graves” as acusações contra Lula. Em nota, disse que o país espera uma manifestação da Justiça: “O partido aguarda a importante e necessária decisão da Justiça sobre as acusações feitas e que, se confirmadas na sua integridade, não deixarão mais qualquer dúvida sobre a complexa estrutura da organização criminosa estabelecida pelo PT”.
Líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO) disse que é evidente a “ganância de poder” e o comando de um “esquema ilícito”. E o líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM), afirmou que Lula era considerado o “chefe da organização criminosa” desde o mensalão.
— Que Lula sempre foi o comandante desse esquema, nunca tive dúvidas. Esse é o modus operandi dele desde as eleições de 1989, quando denunciei o esquema Lubeca. Hoje (ontem), cai por terra toda essa farsa em torno da imagem de alguém que se preocupa com os mais pobres. Lula nada mais é do que um comandante de um esquema de corrupção nunca visto antes. A sociedade espera que ele seja condenado pelos seu crimes que prejudicaram principalmente a população mais carente — disse Caiado.
O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEMRJ), evitou fazer comentários, alegando não estar bem informado do caso. No entanto, destacou que o importante é que as instituições brasileiras estão funcionando com “liberdade” e que “não há freio” nas investigações promovidas pela Lava-Jato. Maia disse que o mais importante é aprovar sistemas de controle do uso do dinheiro público:
— Só vou me manifestar quando tiver compreendido o que aconteceu de forma concreta, para não falar nada errado. Mas não há freio, de forma nenhuma. Não tem negócio de abafar a Lava-Jato, as instituições públicas brasileiras estão funcionando com toda a liberdade. Isso que é importante. O que queremos é que as instituições funcionem com liberdade, que o Ministério Público, quando existam indícios, investigue com força, com liberdade — disse.
Aliados de Lula acusaram o Ministério Público Federal (MPF) de perseguir o petista. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse que o MPF não apresentou provas contra Lula, só “ilações” e que o objetivo é impedir o ex-presidente de disputar novas eleições, principalmente a presidencial de 2018. Costa classificou a apresentação do procurador Deltan Dallagnol de “um espetáculo dantesco”.
— Está se fazendo um verdadeiro malabarismo para tentar envolver o presidente Lula em corrupção. Não há uma prova concreta, é tudo ilação. É uma acusação frágil. Há uma perseguição política para tentar tirar de Lula a condição de disputar de eleições, como a de 2018. Escolheram Lula como culpado e agora têm que tentar provar isso. São as ações mais escandalosas que já se assistiu na história — disse Costa.
Líder da oposição no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que as acusações contra Lula são parte da segunda etapa do “golpe” iniciado com o impeachment da ex-presidente Dilma. Lindbergh conversou com Lula por telefone, e o ex-presidente lhe confirmou que participará hoje da reunião do Diretório Nacional do partido.
— Estamos revoltados. Eles não apresentaram uma prova! É o golpe continuado. A primeira parte do golpe foi o afastamento de Dilma e, agora, querem que ele fique inabilitado e não dispute as eleições em 2018 — disse Lindbergh. (Colaborou Catarina Alencastro)
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