• Denúncia contra Lula aborda montagem do governo, mensalão e divisão de cargos em estatal
Ricardo Brandt, Fausto Macedo, Julia Affonso e Mateus Coutinho – O Estado de S. Paulo
Ao apresentar ontem a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o coordenador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, se referiu ao petista como “general”, “maestro” e “comandante máximo do esquema”
No maior evento de divulga- ção das ações da Lava Jato desde que a operação foi deflagrada, em março de 2014, procuradores se revezaram na apresentação da acusação formal – protocolada no meio da tarde de ontem na Justiça Federal – para apontar o PT como origem do escândalo e o papel de Lula como “mandante” da corrupção sistêmica no governo.
Usando slides projetados em um telão, Dallagnol falou por mais de uma hora sobre o esquema batizado pelos procuradores de “propinocracia”, um modelo de governo que tinha como objetivo a perpetuação no poder, a cooptação de aliados e o enriquecimento. “O PT e, particularmente, Lula eram os maiores beneficiários dos esquemas criminosos de macrocorrupção no Brasil”, afirmou Dallagnol, atribuindo ao petista, inclusive, o comando sobre o esquema do mensalão.
“Não estamos recuperando o caso do mensalão para apontar se o Lula deveria ou não ser responsabilizado por esse esquema. Mas evocamos por ser mais uma peça probatória em um grande quebra-cabeça”, disse Dallagnol. “Dessa vez, Lula não pode dizer que não sabia.”
‘Evidências’. Na denúncia, de 149 páginas, foram considerados 14 conjuntos de evidências contra Lula, como provas de enriquecimento ilícito, sua presença como “vértice comum” em crimes investigados no governo, a delação de ex-diretores da Petrobrás, empresários e operadores de propinas, as reações à investigação, o poder de decisão que tinha, o envolvimento em cooptação de aliados e o repasse de propinas para partidos. Cada um dos temas foi dissecado pelo procurador.
Documentos, laudos, testemunhos de delatores e elementos de outros processos foram usados pelos procuradores para detalhar a participação do ex-presidente no loteamento de cargos na Petrobrás entre PT, PMDB e PP. O objetivo, diz a Procuradoria, era fraudar contratos para receber propinas.
Prisão. Questionado se havia pedido a prisão do ex-presidente, Dallagnol não respondeu. “Não nos manifestamos sobre medidas cautelares”, disse repetidas vezes. Segundo o Estado apurou, o pedido não foi feito.
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