• Petista, dona Marisa e mais 6 são denunciados no caso do tríplex
• Defesa do ex-presidente diz que acusação é ‘deplorável espetáculo’
Em sua manifestação mais dura, a Lava-Jato denunciou à Justiça o ex-presidente Lula sob a acusação de ser o “comandante máximo” do esquema de corrupção na Petrobras e, em troca, receber R$ 3,7 milhões da OAS em “propinas dissimuladas” por meio das obras no tríplex de Guarujá e da armazenagem de bens. O procurador Deltan Dallagnol disse que Lula era “o grande general” do que chamou de “propinocracia”, instalada, segundo ele, com o objetivo de manter a governabilidade, perpetuar o PT no poder e enriquecer agentes públicos. Para o procurador, Lula, chamado também de “maestro da orquestra criminosa”, é o elo entre personagens do escândalo atual e do mensalão. O ex-presidente reagiu com veemência e, por meio de seu advogado, acusou a Lava-Jato de fazer um “deplorável espetáculo de verborragia” e “truque de ilusionismo” com o objetivo de tirá-lo do jogo eleitoral. Também foram denunciados a exprimeira-dama Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e cinco ex-executivos da OAS. Se as denúncias forem aceitas por Sérgio Moro, os investigados passam a réus.
‘Comandante máximo’
• Lava-Jato acusa Lula de chefiar esquema de corrupção; defesa vê ‘espetáculo de verborragia’
Cleide Carvalho, Thiago Herdy e Dimitrius Dantas - O Globo
-CURITIBA E SÃO PAULO- Trinta meses depois do início da investigação sobre o uso de um posto de gasolina por um doleiro para lavar propina de contratos da Petrobras, a força-tarefa da Operação Lava-Jato afirmou ontem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o “comandante máximo” do esquema de corrupção descoberto na estatal e em outros órgãos federais durante seu governo. Para o Ministério Público Federal (MPF), Lula não apenas atuou como “general” e “maestro” do esquema com o propósito de manter a governabilidade, perpetuar partidos poder e permitir o enriquecimento ilícito de participantes do projeto, como se beneficiou pessoalmente de propina paga pela construtora OAS em troca de contratos na Petrobras.
Advogados de Lula “repudiaram” a denúncia e acusaram o MPF de não apresentar provas de envolvimento do ex-presidente. Classificaram a denúncia como “truque de ilusionismo”:
— A denúncia em si perdeu-se em meio ao deplorável espetáculo de verborragia da manifestação da força-tarefa da Lava-Jato — disse o advogado Cristiano Zanin Martins.
Lula foi denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Caberá ao juiz Sérgio Moro, em viagem ao exterior, aceitar ou não a denúncia. A mulher de Lula, Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e cinco executivos da OAS foram denunciados por lavagem de dinheiro, dois deles também por corrupção ativa.
Os procuradores sustentam que três contratos da OAS nas refinarias Presidente Vargas (PR) e Abreu e Lima (PE), executados entre 2006 e 2012, renderam R$ 87,6 milhões em propina. Do total, R$ 3,7 milhões teriam beneficiado Lula: R$ 2,4 milhões aplicados na conclusão e reforma de um apartamento tríplex no Guarujá (SP) — que o ex-presidente devolveu depois que o caso veio à tona na imprensa — e outro R$ 1,3 milhão, no armazenamento de bens do ex-presidente depois que ele deixou o Planalto.
Para sustentar a denúncia, o procurador Deltan Dallagnol citou o poder de Lula para nomear posno tos de alto escalão, sua proximidade com pessoas acusadas na Lava-Jato e com o PT, além do depoimento de políticos que relataram o conhecimento do ex-presidente sobre o esquema de corrupção.
— Só o poder de decisão de Lula fazia o esquema de governabilidade corrompida viável. (Lula) Nomeou diretores para que arrecadassem propina — sustentou Dallagnol, para quem Lula liderou uma espécie de “propinocracia”, o que chamou de “governo regido pelo pagamento de vantagens indevidas”.
Para os procuradores, a corrupção na Petrobras e o mensalão seriam faces de um mesmo esquema de perpetuação política no poder:
— Dessa vez, Lula não pode mais dizer que não sabia de nada — disse Dallagnol.
8 indiciados
Além de Lula, foram denunciados por corrupção passiva e ativa (de 2 anos e 8 meses a 12 anos de prisão + multa) e lavagem de capitais (de 4 a 10 anos de prisão + multa) no caso do tríplex do edifício Solaris, no Guarujá
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