Por Fernando Taquari e Marina Falcão – Valor Econômico
SÃO PAULO E RECIFE - A abertura das urnas no próximo dia 30 deve ratificar a vitória da maioria dos candidatos a prefeito que terminaram na frente no primeiro turno. Levantamento realizado pelo Valor com base nas pesquisas mais recentes do Ibope e do Datafolha, mostra apenas duas tendências de reviravolta. Nas 15 capitais em que houve amostragem até aqui, apenas em São Luís (MA) o segundo colocado conseguiu a ultrapassagem. Em Belém (PA) também ocorreu uma virada, mas dentro da margem de erro. Ambos os casos têm comum a derrota de prefeitos que buscavam a reeleição.
Candidato a prefeito da capital maranhense, o deputado estadual Eduardo Braide (PMN) teve uma ascensão meteórica em cerca de três semanas. A quatro dias do primeiro turno, aparecia em quarto lugar na pesquisa Ibope, com 5% das intenções de voto. Depois de surpreender os adversários e garantir uma vaga no segundo turno ao obter 21% dos votos válidos, o parlamentar assumiu a dianteira nesta reta final ao herdar a maior parte dos votos de Wellington do Curso (PP), terceiro colocado na corrida eleitoral, com 19%.
De acordo com o Ibope, Braide tem 51% das intenções de voto, contra 43% do prefeito, que recebeu 45,6% dos votos válidos na primeira rodada. Com dez segundos de tempo no horário eleitoral gratuito, o deputado ganhou a simpatia do eleitorado de São Luís depois de participar de dois debates televisionados por emissoras locais em que adotou uma postura combativa em relação aos adversários e com críticas à gestão do prefeito pedetista.
Em Belém, a exemplo de 2012, a disputa segue polarizada entre o prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) e o ex-prefeito Edmilson Rodrigues (Psol). O tucano, que conseguiu a virada na eleição passada, pode amargar desta vez o outro lado da moeda. Isso porque terminou na frente no primeiro turno, com 31% dos votos válidos, mas aparece agora com 43% das preferências, atrás do adversário, que tem 46% das intenções de voto depois de conquistar 29,5% dos votos válidos. A vantagem de Rodrigues, no entanto, está dentro da margem de erro de três pontos percentuais.
"É mais raro acontecer viradas no segundo turno. Nesta etapa da eleição, as curvas são mais estáveis em geral. Só há dois nomes na disputa e o eleitor que escolheu o candidato que terminou na frente dificilmente muda o voto", afirma Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha. Caso os resultados das pesquisas sejam confirmados nas urnas, essa eleição registrará um menor número de viradas na comparação com 2012, quando houve uma reviravolta em seis capitais (Curitiba, Porto Velho, Belém, São Paulo, Fortaleza e Macapá) e em outras sete cidades (Diadema, São Gonçalo, Montes Claro, Petrópolis, Joinville, Sorocaba e Londrina).
A segunda rodada também frustrou até o momento os planos de candidatos que terminaram o primeiro turno na cola dos líderes e que tinham a expectativa de virar o jogo. Em Porto Alegre (RS), o deputado federal Nelson Marchezan (PSDB) ficou apenas quatro pontos percentuais à frente do vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB). A diferença entre ambos, porém, aumentou de lá para cá e hoje é de 12 pontos percentuais, conforme o último Ibope. Em Porto Velho (RO), o empresário Dr. Hildon (PSDB) disparou na liderança depois vencer o deputado estadual Léo Moraes (PTB) na primeira etapa por apenas dois mil votos. O tucano soma agora 51% das preferências, contra 35% do petebista.
O prefeito de Recife, Geraldo Júlio (PSB), também ampliou sua vantagem em relação ao ex-prefeito João Paulo (PT), único petista que foi a segundo turno em capitais nestas eleições. Júlio foi citado por 54% dos eleitores recifenses, ante 33% que manifestaram o voto no candidato do PT.
Com campanhas mornas e desprovidas de fatos novos que possam ameaçar diretamente a liderança do prefeito, os números indicam que os candidatos dividiram, em proporção semelhante, os votos concedidos ao deputado federal Daniel Coelho (PSDB) e à deputada estadual Priscila Krause (DEM), terceiro e quarto colocado no primeiro turno. Os dois candidatos, que fizeram duras críticas a atual gestão do PSB no Recife, optaram por não subir em palanque para pedir votos para Júlio, mas seus partidos declararam apoio protocolar à candidatura do prefeito em um movimento antipetista.
Assim como no primeiro turno, o PSDB deve emergir como o maior vencedor nas capitais. Depois de vencer em São Paulo e Teresina (PI), os tucanos são favoritos em Porto Velho, Manaus (AM), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre e Maceió (AL).
Fora das capitais, não há tampouco tendência de virada. Em nenhuma das sete cidades em que houve pesquisa recente (Juiz de Fora, Caucaia, Nova Iguaçu, Sorocaba, Joinville, Osasco e Ribeirão Preto) o segundo colocado conseguiu reverter o resultado apurado nas urnas no dia 2 de outubro.
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