Por Vandson Lima e Andrea Jubé | Valor Econômico
BRASÍLIA - Dado como provável sucessor de Renan Calheiros na presidência do Senado, o líder do PMDB Eunício Oliveira (CE) não teve, ao menos até agora, sua candidatura, que ainda não oficializada, abalada pela vinculação de seu nome a suposta distribuição de recursos pela Odebrecht.
PP e PSD garantem que está sacramentado o apoio na eleição, que ocorre no início de fevereiro, na retomada dos trabalhos legislativos. Eunício tem articulado a distribuição de espaços a todos os partidos, em busca de uma eleição que ocorra, de fato, sem disputa.
Com o PSDB tendo ultrapassado o PT em número de senadores - 12 a 10 - e se tornado a segunda maior bancada, atrás apenas do PMDB, com 19, Eunício quer um tucano para sua vice, possivelmente Paulo Bauer (PSDB-SC), líder da bancada. Antonio Anastasia (PSDB-MG) também já foi cotado.
Tasso Jereissati será o próximo presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), desalojando o PT, que havia transformado o colegiado em um "bunker" de resistência ao presidente Michel Temer. O comando da CAE na mão dos tucanos reforça a dianteira da sigla na condução de questões econômicas do governo.
Mas o PT não ficará desabrigado, a depender de Eunício, que oferece a Secretaria-Geral à sigla. O posto é uma espécie de 'prefeitura do Senado' e visto como bom instrumento para fazer política. José Pimentel (PT-CE) é o mais cotado. A Comissão de Assuntos Sociais também será presidida pelo PT.
Nos últimos dias, o governo se movimentou para desbaratar uma possível articulação de Renan em favor de Romero Jucá (PMDB-RR) para a presidência do Senado.
Não interessa ao Palácio do Planalto melindrar Eunício e a razão é pragmática: ele foi tesoureiro de Temer por 12 anos no PMDB.
Renan, Jucá e Eunício atuaram, na maior parte do tempo, em sintonia nos últimos anos no Senado. O triunvirato praticamente decide os rumos da Casa. Mas Eunício faz questão de sublinhar, reservadamente, que não é "do time do Renan", não estando subordinado ao presidente. Ele atuou, por exemplo, pela queda de Jucá e ascensão de Eduardo Braga (PMDB-AM) como líder do governo na gestão de Dilma Rousseff.
A investigadores da Lava-Jato, o ex-diretor da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, afirmou que Eunício teria recebido por intermediários de R$ 2,1 milhões para defender medidas de interesse da construtora. O senador diz que nunca autorizou ninguém a negociar em seu nome recursos com tais objetivos.
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