Por Daniel Rittner e Assis Moreira | Valor Econômico
DAVOS (Suíça) - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, prevê que a economia brasileira chegará ao último trimestre de 2017 com crescimento de 2% em ritmo anualizado. Ele minimizou a revisão para baixo das estimativas feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e disse que elas refletem uma média para o ano todo, que carrega os efeitos estatísticos da crise em 2016.
"Quando os números do primeiro trimestre forem divulgados, já vamos verificar crescimento", disse o ministro a jornalistas brasileiros, em Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial. "E o crescimento vai se acelerar ao longo do ano. O importante é o crescimento na ponta, não na média. Saindo de uma recessão muito forte, a média do PIB também cai."
De acordo com Meirelles, o próprio governo está revisando suas projeções, mas ele não quis antecipar nada. "O FMI tende a ser mais conservador. O mercado aponta um pouco mais de 0,5% de PIB em 2017. A crise é séria e grave, mas está terminando."
O ministro cravou a próxima segunda-feira como nova data para a assinatura do acordo com o Rio de Janeiro para alívio financeiro do Estado. A previsão inicial era quinta-feira, mas o feriado no dia seguinte dificulta a ida para Brasília dos chefes de outros Poderes do Estado do Rio, como quer o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), para dar mais robustez política ao acordo. Além disso, segundo ele, há negociação em torno dos detalhes.
Meirelles abriu as portas para novos acordos de ajuda financeira com Estados em situação de emergência fiscal. Ele deixou claro, no entanto, que os termos negociados agora servirão de base para futuras discussões. "O ajuste que o Rio de Janeiro se compromete a fazer é duro. Se outros Estados tiverem a mesma necessidade e estiverem dispostos a fazer o mesmo tipo de ajuste, certamente poderemos fazer acordos", afirmou.
Em seus primeiros encontros com investidores em Davos, o ministro da Fazenda aproveitou para vender a ideia de solidez política do novo governo no Brasil. Ele usou, como argumento, a taxa de aprovação de projetos enviados ao Congresso Nacional nos últimos meses.
"Isso é visto como sinal de estabilidade política", disse Meirelles, que participa pela décima vez do fórum. Ele mencionou a aprovação da PEC do teto de gastos e da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. "As reformas estão sendo bem avaliadas. Existe, pela primeira vez nos últimos anos, uma expectativa positiva sobre o Brasil em Davos."
De acordo com Meirelles, há grande curiosidade da elite global sobre o nível de atividade da economia. Ele se reuniu ontem com os presidentes do UBS, Axel Weber, e do Lloyd's Bank, John Nelson. Também lembrou que o Brasil tem ficado mal classificado no ranking Doing Business, do Banco Mundial, que mede a competitividade dos países. "Temos dificuldades em pagar impostos, exportar, abrir empresas. Agora estamos enfrentando o assunto com reformas econômicas."
Nenhum comentário:
Postar um comentário