O juiz Marcelo Bretas, do Rio, tornou réus o ex-governador Sérgio Cabral, o empresário Eike Batista e outras 7 pessoas por corrupção e lavagem de dinheiro. É o 3º processo aberto contra Cabral.
Cabral vira réu pela 3ª vez, Eike também responderá a processo
• Para procurador Leonardo Freitas, crime de corrupção está configurado
Juliana Castro, Chico Otavio e Daniel Biasseto | O Globo
Preso desde novembro do ano passado, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) virou réu pela terceira vez na Lava-Jato. Ontem, o juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, aceitou mais uma denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o peemedebista. O empresário Eike Batista, a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo e outras seis pessoas também passam a responder ao processo na Justiça.
A denúncia é oriunda da Operação Eficiência, na qual os procuradores apontaram que o esquema de Cabral ocultou US$ 100 milhões no exterior. Eike, que foi preso no fim de janeiro, pode pegar pena de até 44 anos caso seja condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Já Cabral foi denunciado duas vezes por corrupção passiva, duas por lavagem de dinheiro e uma por evasão de divisas. Assim, poderia pegar entre 12 e 50 anos de prisão, caso seja condenado por todos os crimes.
Segundo o MPF, Eike pagou US$ 16,5 milhões de propina a Cabral no exterior para que o então governador atuasse em suas funções de modo a favorecer os negócios do empresário no estado. Alguns projetos de interesse do Grupo X eram a concessão do estádio do Maracanã, a construção dos portos do Açu, em São João da Barra, e Sudeste, em Itaguaí.
— O senhor Eike Batista tinha diversos interesses no Rio que dependiam do governador do estado. Ele não poderia dar de presente US$ 16,5 milhões ao governador e nem o governador poderia ter aceitado. O crime de corrupção está configurado — afirmou o procurador Leonardo Freitas.
EX-MARIDO CONTA NOVA VERSÃO
Na denúncia, o MPF acusa Cabral de ter recebido ainda R$ 1 milhão da EBX, empresa de Eike, por meio do escritório de advocacia da ex-primeira-dama. Foi o ex-sócio e ex-marido de Adriana, Sérgio Coelho, quem ajudou os procuradores a desmentir uma versão apresentada por Eike de que a Caixa Econômica Federal indicou o escritório de Adriana para assessorar a EBX em um investimento que a empresa faria em um fundo do banco. A Caixa informou ao MPF que houve uma tratativa com Eike, mas o investimento não foi feito.
Coelho afirmou, em depoimento aos procuradores, não ser verdadeira a versão de Eike para o pagamento de R$ 1 milhão. O ex-marido de Adriana esclareceu que houve, de fato, uma análise no escritório ligada ao negócio de Eike, mas de maneira distinta à descrita pelo empresário, e que, por tal serviço, recebeu algo entre R$ 21 e 25 mil. Ontem, o juiz Marcelo Bretas bloqueou R$ 4,76 milhões de contas da ex-primeira-dama e do escritório.
Além de Eike, Cabral e Adriana, que também está presa, viraram réus Flávio Godinho, exbraço-direito do empresário; o ex-secretário de Governo Wilson Carlos; Carlos Emanuel Miranda, acusado de ser operador do ex-governador; o empresário Luiz Arthur Andrade Correia, ex-executivo de Eike; e os doleiros Renato Hasson Chebar e o irmão Marcelo Hasson Chebar.
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