- Folha de S. Paulo
Informa o site do Senado que estão vagos os cargos de presidente e vice-presidente do Conselho de Ética, assim como as demais cadeiras que compõem o colegiado.
Segundo os arquivos do conselho, a última reunião ocorreu em 3 de maio. Naquele dia, seus integrantes aprovaram a cassação de Delcídio do Amaral, que pouco antes delatara os colegas, entre eles Renan Calheiros.
Não há registros de reuniões desde então. O Conselho de Ética virou um órgão decorativo, esvaziado. Certamente não foi por escassez de novas denúncias a serem investigadas.
É que julgamentos de mandato ocorrem de acordo com a conveniência dos principais líderes da Casa. Por exemplo, apenas três senadores foram cassados desde a redemocratização: Delcídio, Demóstenes Torres, em 2012, e Luiz Estevão, em 2000.
Desinteressados em montar o time do Conselho de Ética para a temporada de 2017, os partidos correram para colocar em campo a escalação da Comissão de Constituição e Justiça.
É a número 1 das comissões, por ter de apreciar temas relevantes, incluindo sabatinas de candidatos a vagas de peso como a do STF destinada ao ministro Alexandre de Moraes.
Entre agosto e setembro, os membros da CCJ vão dizer se aprovam ou não o nome indicado a assumir a Procuradoria-Geral da República. É ele quem vai tocar delações explosivas, inquéritos e denúncias da Lava Jato.
Rodrigo Janot, depois de dois mandatos, ensaia tentar um terceiro. Tradicionalmente, o presidente da República escolhe alguém de uma lista tríplice enviada pelos próprios procuradores após votação interna.
Treze senadores são investigados na Lava Jato. Dez estão na comissão que tem a prerrogativa de rejeitar a indicação que chegar do Planalto.
No comando da trincheira, montada sem constrangimento, está Edison Lobão, um senador alvo de dois inquéritos conduzidos pela procuradoria. Com um Conselho de Ética fantasma, os senadores estão despreocupados com a palavra decoro.
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