Presidente anuncia fim da recessão, mas alguns números apresentados apontam efeitos da retração ainda presentes
Eduardo Rodrigues, Lu Aiko Otta e Ligia Formenti | O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Para marcar o primeiro aniversário de seu governo, o presidente Michel Temer anunciou nesta sexta-feira, 12, o fim da recessão. A volta do País “aos trilhos do crescimento” foi apresentada com base em indicadores que mostram alguma melhora, mas, ao mesmo tempo, alguns dados apontam que os efeitos da retração ainda estão presentes.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse, por exemplo, que o consumo de energia elétrica aumentou 20% no primeiro trimestre deste ano em relação aos últimos três meses do ano passado.
Dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) mostram que o consumo no Brasil ainda não retornou aos patamares de um ano atrás. Em abril, houve queda de 7,3% em relação ao mesmo mês de 2016. Nos primeiros nove dias de maio, há uma nova baixa, de 0,5%.
Meirelles também destacou o crescimento de 24% nas vendas de automóveis no primeiro trimestre de 2017, ante o último trimestre do ano passado. Na comparação com os mesmos meses de 2016, entretanto, os dados da Anfavea mostram queda nas vendas de veículos em janeiro (-5,2%), fevereiro (-7,6%) e alta apenas em março, de 5,5%.
Outro dado comemorado por Meirelles foi o fato de o Risco Brasil ter caído de cerca de 500 pontos para perto de 200 pontos. De fato, a taxa de risco soberano do País chegou a bater 495,09 pontos em dezembro de 2015, mas ainda no governo Dilma Rousseff. No governo Temer, a redução foi de 320,72 pontos, há um ano, para 202,83 pontos nesta sexta-feira.
Temer, por sua vez, disse que o Fies foi ampliado. No entanto, no primeiro semestre deste ano foram oferecidas 150 mil bolsas, ante 250 mil na primeira metade de 2016. Questionado, o Planalto esclareceu que a expansão do Fies a que o presidente se refere ocorreu no segundo semestre de 2016, quando o programa estava parado por falta de recursos. A perspectiva era de que nenhuma bolsa fosse concedida, mas foram abertas 75 mil naquele período.
O presidente também comemorou a retomada do programa Minha Casa Minha Vida, que se encontrava paralisado pela falta de pagamentos no ano passado. Temer conseguiu entregar 140 mil unidades em 2016, de um total de 735 mil unidades concluídas no período, segundo dados do Ministério das Cidades.
Saúde. Ao falar dos avanços de seu governo na área de saúde o presidente chegou a incluir na lista de vitórias a febre amarela. No entanto, a citação é feita no ano em que o Brasil registra a pior epidemia da doença. Foram 3.175 registros suspeitos, dos quais até agora 756 casos confirmados, com 259 mortes.
Ao contrário do que ocorre com outras doenças que também tiram o sono de autoridades sanitárias, como dengue, zika e chikungunya, para febre amarela há vacina eficaz.
O presidente não escondeu o orgulho ao falar na redução de casos de dengue, zika e chikungunya. Os casos de dengue, por exemplo, tiveram redução de 90%. Os anos de 2015 e 2016 foram marcados pela pior epidemia de dengue desde a década de 80: 1.688.688 e 1.500.535 casos, respectivamente.
COMPARAÇÃO
Energia elétrica
Governo Segundo Henrique Meirelles, o consumo de energia elétrica aumentou 20% no primeiro trimestre deste ano em relação os últimos três meses de 2016.
Cenário Dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica mostram que consumo não retornou ao patamar de um ano atrás. Em abril, houve queda de 7,3% em relação ao mesmo mês de 2016.
Automóveis
Governo Meirelles afirmou que houve crescimento de 24% na vendas de automóveis no primeiro trimestre de 2017, ante o último trimestre do ano passado.
Cenário Na comparação com os mesmos meses de 2016, entretanto, dados da Anfavea mostram queda nas vendas de veículos em janeiro (-5,2%), fevereiro (-7,6%) e alta apenas em março, de 5,5%.
Risco Brasil
Governo O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, destacou ontem o fato de o Risco Brasil ter caído de cerca de 500 pontos para perto de 200 pontos.
Cenário A taxa de risco soberano do País bateu 495,09 pontos em dezembro de 2015, mas ainda na gestão Dilma. Com Temer, a redução foi de 320,72 pontos, há um ano, para 202,83 pontos nesta sexta.
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