Propaganda em panfleto lembra recessão herdada da ex-presidente
Bárbara Nascimento, Eduardo Barretto e Manoel Ventura | O Globo
-BRASÍLIA- No discurso da cerimônia promovida para marcar o primeiro ano de seu governo, ontem no Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer alfinetou a expresidente Dilma Rousseff, mas pediu “pacificação”. O peemedebista chegou a se corrigir ao dizer que estava comemorando um ano: estaria apenas “registrando”.
Temer prometeu que, no próximo aniversário de governo, em 2018 — às vésperas da campanha eleitoral —, entregará um país “reestruturado e muito mais feliz”. Ele voltou a dizer que tem o “dever” de liderar a “travessia”, em referência à metade do mandato que herdou de Dilma.
É a quarta vez que Temer aborda a pacificação em três dias, desde que o ex-presidente Lula depôs pela primeira vez ao juiz Sergio Moro, na Operação Lava-Jato:
— Faltava pacificar o país. Nós não queremos brasileiro contra brasileiro. Nós queremos brasileiro com brasileiro.
Sem citar nomes, Temer criticou a relação ruim da petista com o Congresso. Temer foi vice de Dilma de 2011 a 2016.
— Era preciso também, e isso é fundamental, estabelecer o diálogo. Que esse não havia. Aliás, foi desta ausência de diálogo que decorreu do passado, era difícil de governar. Faltava entrosamento entre Legislativo e Executivo — disse o peemedebista, que voltou a pedir “pacificação”.
DECRETO GARANTE TRANSPORTE DE ÓRGÃOS
As estocadas de Temer em Dilma também vieram no material de propaganda do governo no primeiro aniversário. Um panfleto diz que o Brasil, “mergulhado no déficit e na mais profunda recessão de sua História”, estava com dificuldades também no modo de “fazer política e governar”.
O presidente Temer citou uma série de ações consideradas por ele como conquistas de seu governo. Entre as relacionadas, a melhoria da gestão de obras de infraestrutura que teria permitido que obras paralisadas fossem concluídas, como a transposição do Rio São Francisco. O presidente disse que outras obras que se arrastam há anos, como a ferrovia Norte-Sul, poderão ser concluídas.
O peemedebista ainda destacou o decreto presidencial que reservou aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para transporte de órgãos para transplantes. O decreto foi publicado após matéria do GLOBO mostrar que muitos órgãos não chegavam ao destino por falta de aeronaves, que estavam sendo utilizadas por políticos.
— Eu tenho especial satisfação de dizer que muitas vidas estão sendo salvas com transporte aéreo usado em transplantes. Agora os aviões da FAB garantem que esses órgãos cheguem ao país. Podem verificar o noticiário e verificar quantas vidas foram salvas por meio dessa decisão que tomamos via decreto presidencial.
Temer também citou o saque de contas inativas do FGTS, que, segundo ele, já tem movimentado o comércio, e defendeu a reforma trabalhista.
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