Não foi à toa que Temer revidou o discurso do 'nós contra eles', entoado por petistas: levantamento do partido indica que a maioria da população está mais preocupada com resultados do que com ideologia
Vera Rosa | O Estado de S.Paulo
Na cerimônia para comemorar um ano de governo, o presidente Michel Temer construiu uma narrativa na qual a crise econômica e a política ficaram para trás, mesmo com a Lava Jato investigando ministros e integrantes da base aliada e o desemprego atingindo 14,2 milhões de trabalhadores. Tudo foi planejado para apresentar um governo de “resultados”, também mostrado em vídeos de aniversário exibidos no Palácio do Planalto.
A estratégia coincide com pesquisas do PMDB, indicando que a maioria da população está mais preocupada com resultados do que com ideologia. Não foi à toa que Temer revidou o discurso do “nós contra eles”, entoado por petistas. “Não queremos brasileiros contra brasileiros. Queremos brasileiros com brasileiros”, insistiu.
Temer escreveu o pronunciamento com dados de todos os ministérios. Seguiu a costumeira técnica de falar em voz alta e gravar a mensagem. De posse da degravação, fez vários retoques e acatou a sugestão do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, para citar o documento Uma Ponte para o Futuro, lançado no Congresso do PMDB seis meses antes do impeachment de Dilma Rousseff.
A comunicação do Planalto investe agora na ideia de que Temer criou “as bases” da ponte – já chamada de “pinguela” pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – e está conduzindo a “travessia” da recessão para o crescimento. Em 22 minutos de discurso, diante de ministros, senadores e deputados – alguns investigados pela Lava Jato –, o presidente defendeu as reformas trabalhista e da Previdência como essenciais para a “travessia”. O único senão da cerimônia, na avaliação do Planalto, ficou por conta da ausência do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL). Na atual temporada, Renan é um aliado de idas e vindas, que vira e mexe veste o figurino da oposição.
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