BRASÍLIA - Apesar da decisão da cúpula do PSDB de manter o apoio a Michel Temer, o grupo de deputados federais que foi derrotado na tentativa de aprovar o desembarque imediato vai votar a favor da denúncia que a Procuradoria-Geral da República deve apresentar nos próximos dias contra o presidente.
Chamados de "cabeças pretas" por terem em sua maioria menos de 40 anos, os cerca de 15 deputados –de uma bancada de 46– têm o apoio de alguns colegas mais velhos e contam com a inclinação do líder da bancada, Ricardo Tripoli (SP), e do presidente do partido, o senador Tasso Jereissati (CE), de não exigirem posição pró-Temer.
Pela Constituição, uma denúncia criminal contra o presidente só pode prosperar mediante o voto de pelo menos 342 dos 513 deputados. Caso haja esse apoio e o Supremo abra o processo, Temer é afastado do cargo.
Um dos líderes do grupo é Daniel Coelho (PE), 38, que despontou como uma das apostas da nova geração tucana ao superar de forma surpreendente o PT e chegar em segundo lugar na disputa à Prefeitura do Recife, em 2012.
Outros expoentes são Betinho Gomes (PE), 42, que integra a Comissão de Constituição e Justiça, Mariana Carvalho (RO), 30, segunda-secretária da Câmara, e Carlos Sampaio (SP), 54, um dos mais experientes.
Dos sete titulares do PSDB na CCJ, pelo menos Betinho Gomes e Fabio Sousa (GO), 34, são abertamente favoráveis ao desembarque do PSDB do governo e votos certos a favor da denúncia.
"Enquanto eles [governo] estão pensando em crise, nós estamos pensando num projeto pro país", diz Sousa.
"Tenho o cuidado de saber o conteúdo da denúncia, mas a menos que venha algo absurdo, é muito difícil que a gente vote para não haver investigação", afirma Gomes.
Segundo ele, as redes sociais ajudam a explicar a diferença de posição entre deputados mais jovens e mais velhos. "O contato direto com o eleitor via redes sociais talvez dê essa percepção mais rápida para a ala jovem. Os mais velhos, talvez por terem passado por muitas crises, querem agir com mais cautela."
A resistência ao desembarque foi capitaneada, entre outros, por parlamentares e aliados do governador Geraldo Alckmin (SP), 64, e do ex-presidente da sigla, Aécio Neves (MG), 57, alvo da Lava Jato.
Alckmin e seu grupo estariam de olho no apoio do PMDB a eventual candidatura em 2018. Aécio, no apoio dos peemedebistas para barrar sua cassação no Senado.
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