Mas analistas veem recuperação difícil, diante de crise política
Gabriela Valente, O Globo
BRASÍLIA - A economia brasileira cresceu 0,28% em abril pelas contas do Banco Central. A expectativa dos analistas era um pouco mais otimista. Previam uma alta de 0,4% do Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), divulgado ontem. Por outro lado, a autarquia revisou os dados do primeiro trimestre deste ano. O crescimento teria sido levemente melhor do que o anunciado no mês passado. Segundo o BC, a atividade aumentou 1,19% entre janeiro e março, e não 1,12% como divulgado anteriormente. Com o resultado, o país deu sinais de que o pior da crise já foi superado.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, usou sua conta no Twitter para comentar o resultado: “Avanço de 0,28% do indicador de atividade econômica do BC em abril confirma nossas expectativas”, escreveu, complementando num segundo post: “Índice do BC mostra que recuperação da economia registrada no início do ano continua na abertura do 2º trimestre”.
MERCADO DE TRABALHO FRACO
Para os economistas, no entanto, o fato de o pior ter passado não significa que a recuperação será rápida. A crise política impede isso.
— A economia provavelmente atingiu um ponto de inflexão durante o primeiro trimestre. No entanto, espera-se que o crescimento permaneça fraco ao longo de 2017, dada a elevada incerteza política e de política econômica, e uma série de outros fatores estruturais, incluindo um mercado de trabalho ainda fraco — disse o economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.
O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas também destaca desafios:
— É difícil ter uma resposta definitiva. A dívida pública não está sob controle. A melhora dos dados é positiva, mas não dura muito tempo, porque essa recuperação não é sustentável. O Brasil aguenta até as eleições do que vem. Pelo menos aquele quadro pior já passou.
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