Por Vandson Lima e Andrea Jubé | Valor Econômico
BRASÍLIA - Praticamente acertados com o DEM, o líder do PSB, senador Fernando Bezerra Coelho (PE) e seu primogênito, o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, entraram na mira do PMDB. Em abril, o presidente Michel Temer já havia deixado abertas as portas da sigla para os Bezerra Coelho, quando ambos defenderam as reformas do governo, contrariando a posição de seu partido.
Mais que somar o grupo político dos pernambucanos, o objetivo dos pemedebistas é retomar o controle do Ministério de Minas e Energia, feudo histórico do partido.
Respondendo a processos no Conselho de Ética do PSB, por votarem a favor das reformas da Previdência e trabalhista, o ministro - que é deputado federal licenciado - e o senador negociam a saída do partido de centro-esquerda. A expectativa é de que a reforma política, em votação no Congresso, abra em setembro ou outubro uma janela permitindo a troca de legendas. Os Bezerra Coelho devem deixar o PSB, junto com a líder da bancada, Tereza Cristina (MS), e mais cinco ou seis deputados federais.
Além de Temer, os Bezerra agora têm no presidente do Congresso Nacional, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e em outras lideranças pemedebistas entusiastas do ingresso deles na sigla. Desde a hegemonia de José Sarney (PMDB-AP) no comando do Senado, a pasta consolidou-se como um feudo da bancada de senadores do PMDB. Primeiro com Silas Rondeau e Edison Lobão (MA), nos governos Lula e Dilma, e depois com Eduardo Braga (AM), no segundo mandato de Dilma Rousseff.
"O PMDB é um partido de centro com o qual o grupo do senador Bezerra tem mais identidade", justifica um pemedebista. Mas as conversas com o DEM estão muito mais avançadas porque os Bezerra Coelho enfrentariam um obstáculo quase intransponível para ganhar espaço no PMDB de Pernambuco.
No Estado, quem controla o PMDB é ex-governador e deputado federal Jarbas Vasconcelos, um nome histórico da legenda. Jarbas é o padrinho político do vice-governador de Pernambuco, Raul Henry, e controla o diretório estadual do partido.
Como Jarbas tem postura independente e votou a favor da abertura da ação penal contra Michel Temer na Câmara dos Deputados, no dia 2, o PMDB começou a discutir, nos bastidores, o desalojamento de seu grupo político do comando do diretório. Na última quinta-feira, Jarbas foi punido com suspensão do partido por 60 dias, já que o voto contra Temer violou o fechamento de questão da Executiva Nacional sobre o tema.
"Duvido que façam qualquer coisa contra mim, sou fundador do MDB", disse Jarbas ao Valor, sobre a possibilidade de que os caciques do PMDB tentem afastar o seu grupo da presidência do diretório.
Por isso, o DEM é no momento favorito para filiar os Bezerra Coelho. A sigla, inclusive, estaria de acordo com as pretensões de Fernando Filho de se candidatar ao governo de Pernambuco em 2018 - algo hoje improvável pelo PSB, partido do atual governador Paulo Câmara, que pode concorrer à reeleição. A costura no DEM envolveria a formação de uma chapa com o atual ministro da Educação, Mendonça Filho, concorrendo ao Senado.
No DEM ou no PMDB, a única definição é que Fernando Filho prossegue no comando de Minas e Energia. Aos 33 anos, o ministro transita com desenvoltura no setor privado e avalizou a indicação do presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, um técnico, egresso da CPFL Energia.
O controle da pasta estendia-se a todo o setor elétrico, em que nomeados de Sarney comandavam a Eletrobras e as subsidiárias, como Eletronorte e Eletrosul. O PMDB do Senado tentou manter o ministério com Eduardo Braga no governo Michel Temer, mas teve que optar e escolheu o Ministério da Integração Nacional, hoje sob o controle de Hélder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho, do grupo de Sarney.
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