- Folha de S. Paulo
Pesquisa sugere que a eleição presidencial deverá ser mais imprevisível até do que a de 1989
A pesquisa Datafolha sugere que a eleição presidencial deste ano deverá ser mais imprevisível até do que a de 1989. Se naquele pleito os candidatos brigavam para ver quem disputaria o segundo turno contra Fernando Collor de Mello, que em abril liderava com 17% das intenções de voto, agora não há nenhum postulante que pareça ter passagem assegurada para o segundo escrutínio.
Lula, que excede os 30%, está fora. Mesmo que venha a ser solto, está impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa. Jair Bolsonaro atinge os 17%, mas há indícios de que esse seja seu teto. Um segundo pelotão composto por Marina Silva, Joaquim Barbosa, Ciro Gomes e Geraldo Alckmin marca entre 7% e 16%. Em princípio qualquer um tem condições de passar para o segundo turno.
Não devemos, contudo, deixar que o espírito da incerteza nos leve para o território dos delírios. Embora estejamos diante de uma eleição especialmente imprevisível, ainda lidamos com um processo de escolha levado a cabo por seres humanos no planeta Terra, o que basta para estabelecer padrões e tendências.
O conjunto dos eleitores, na maioria das situações, rejeita radicalismos. Isso faz de Bolsonaro o candidato que todos querem enfrentar no segundo turno. Quem quer que dispute contra ele tem enorme probabilidade de se eleger.
Rótulos ideológicos importam. Isso significa que o postulante que conseguir vestir-se como mais viável representante da esquerda tenderá a abocanhar parte do espólio de Lula e verá aumentada sua chance de chegar ao segundo turno. Ciro parece o candidato natural, mas Marina, Barbosa e algum petista ainda não definido não estão fora do páreo.
Estrutura partidária e tempo de TV também são relevantes. Quem conseguir uma aliança com o MDB ficará em boa posição. Alckmin, se sobreviver à Lava Jato e à cristianização, também ganhará pontos na reta final.
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