Os quatro pré-candidatos à Presidência mais bem colocados na última pesquisa Datafolha — Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) — apresentaram, em reportagem publicada na última segunda-feira, no GLOBO, propostas para o enfrentamento da violência. Divergências à parte, eles concordam que o combate à criminalidade passa pela integração entre as diversas forças de segurança e por um maior controle das fronteiras, com o uso de inteligência e tecnologia. De fato, parece haver um consenso sobre as alternativas para se resolver esse grave problema, que hoje rivaliza com temas tradicionais, como corrupção, educação e saúde, nas preocupações dos brasileiros. No discurso, tudo parece tangível. Mas, na prática, o desafio é gigantesco.
O problema não é novo, mas, sem um enfrentamento coordenado entre estados e União, governo após governo, só fez piorar. Não faltam diagnósticos que atestam a gravidade da situação. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2016 foram contabilizadas 61.283 mortes violentas intencionais, maior número já registrado no país. Significa que, a cada hora, sete pessoas são assassinadas. Uma série de reportagens do GLOBO, publicada em dezembro de 2017, deu a dimensão do estrago. Em uma década e meia (de 2000 a 2015), 786.870 pessoas foram vítimas de homicídio, marca que supera as baixas em conflitos na Síria (331.765, entre março de 2011 e julho de 2017) e no Iraque (268 mil, de 2003 a 2017).
A percepção de que a situação está fora de controle levou a um inédito encontro entre 23 governadores e quatro ministros de Estado em Rio Branco, no Acre, em outubro de 2017. Entre as propostas apresentadas, estão a implantação de um Plano Nacional de Segurança Pública; a criação de uma força-tarefa para atuar contra a vulnerabilidade das fronteiras e combater o tráfico de drogas e armas; a integração das inteligências dos governos estaduais e federal; o fortalecimento da cooperação internacional em toda a faixa de fronteira; e a liberação de recursos do Fundo Penitenciário para fortalecimento dos sistemas prisionais.
Ou seja, existem diagnósticos e propostas mais ou menos consensuais para enfrentar o problema. A questão é passar do discurso à ação. O atual governo, por exemplo, criou o Ministério da Segurança Pública, passo importante para um esforço coordenado entre União e estados. Mas faltam orçamento e um plano de segurança. Mesmo no Rio, sob intervenção federal, a integração entre forças de segurança deixa a desejar, o que se reflete na demora para baixar os índices de violência.
Portanto, além de vontade política e capacidade de gestão, espera-se dos postulantes ao Palácio do Planalto o compromisso de um protagonismo no combate à violência. Somente com uma ação integrada entre o governo federal e os estados e um plano de segurança consistente e duradouro será possível vencer essa guerra. A prevalecer o atual improviso, a população continuará derrotada.
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