Pesquisa CNI/Ibope mostra Bolsonaro e Marina em empate técnico no primeiro lugar
Julia Lindner, Gustavo Porto, Marcelo Godoy | O Estado de S. Paulo.
BRASÍLIA - O deputado Jair Bolsonaro (PSL) está tecnicamente empatado com a ex-ministra Marina Silva (Rede) na corrida ao Palácio do Planalto em um cenário sem a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa. É o que mostra pesquisa Ibope realizada em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada ontem. Bolsonaro continua na liderança, com 17% das intenções de voto, e Marina vem a seguir, com 13%. Mas, como a margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos, ocorre no limite um empate técnico entre os dois pré-candidatos à Presidência.
Nesse mesmo cenário, de pesquisa estimulada e sem o nome de Lula – que foi condenado na Lava Jato, está preso e pode ser impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa –, Ciro Gomes (PDT) fica com 8% das preferências, empatado tecnicamente com o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, que pontua 6%. Alvaro Dias (Podemos) aparece com 3%.
A chamada taxa de alienação, que considera a soma de abstenções com votos brancos e nulos, alcançou 41%. Segundo o cientista político Antonio Lavareda, essa indefinição é inédita a cem dias das eleições desde a redemocratização do País.
Como comparação, em pesquisa feita entre os dias 1.º e 2 de julho de 1989, o candidato Fernando Collor de Mello, então no PRN, tinha 40% das intenção de voto, segundo o Datafolha. Leonel Brizola (PDT) aparecia em segundo lugar, com 12% em uma eleição caracterizada pela fragmentação de candidatos – foram 22 ao todo. Quando o nome de Lula foi apresentado aos entrevistados pelo Ibope, essa taxa caiu para 28%, mesmo número da eleição presidencial de 2014 – quando o petista estava entre os nomes pesquisados.
Rumo. Para Lavareda, isso indica que o voto desses eleitores indefinidos vai se distribuir entre todos os pré-candidatos, ainda que a tendência é a maioria migrar para um presidenciável da esquerda. Esse cenário dificulta o cálculo político das elites partidárias, que esperam encontrar nas pesquisas um rumo para definir alianças e candidaturas.
“No centro, não há um candidato que possa claramente atrair as demais candidaturas. O pobre do eleitor não é estrategista político. É uma grande ingenuidade pensar que ele vai substituir o papel dos políticos profissionais. Cabe a estes a tarefa de escolher as candidaturas. Sem isso, a chance de o centro ir para o segundo turno fica reduzida”, afirmou o cientista político.
Essa indefinição, de acordo com Lavareda, deve permanecer até o eleitorado ter um nível de informação mais razoável sobre os candidatos, o que deve ocorrer só no fim da primeira quinzena da campanha eleitoral, em agosto.
“O que modifica intenção de voto é a campanha eleitoral, não a pré-campanha, o que mostra os limites das ações em redes sociais”, afirmou.
Ainda para Lavareda, outra questão importante é saber qual o destino dos votos dos eleitores que, hoje, ainda declaram apoio ao ex-presidente do PT. “Ele não será candidato. Mas não é qualquer ‘poste’ que vai receber esse voto. Um king maker faz pesquisa para saber qual candidato pode ter um potencial maior de aderência.”
Lula. O Ibope também avaliou cenário com Lula pré-candidato à Presidência. Neste caso, ele continua na frente dos demais concorrentes, com 33% das intenções de voto. Na sequência, aparecem Bolsonaro (15%) e Marina (7%). Ciro e Alckmin vêm em seguida, em situação de empate técnico, com 4% das preferências. Já Alvaro Dias aparece com 2%. Mesmo preso, Lula também lidera a pesquisa de intenção voto espontânea, com 22%.
O levantamento pesquisou, ainda, um cenário com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) no lugar de Lula. Neste caso, Haddad obtém 2%. O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), Flávio Rocha (PRB), Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PCdoB) estão empatados com 1%. Com Lula na disputa, porém, Meirelles, Boulos e Aldo Rebelo (SD) nem sequer são citados nominalmente no gráfico da pesquisa.
A rejeição aos políticos continua muito grande. Aproximadamente um terço dos entrevistados disse que não votaria de jeito nenhum no senador Fernando Collor, do PTC, nem em Bolsonaro (mais informações nesta página).
Temer. A avaliação negativa do governo Michel Temer subiu de 72% para 79%, em comparação com a pesquisa anterior, feita em março. Com esse resultado, Temer continua sendo o mais mal avaliado entre os presidentes desde José Sarney.
Segundo o Ibope, o crescimento da avaliação negativa é resultado da redução do porcentual dos que avaliam o governo como regular, que foi de 21% para 16% entre março e junho. A pesquisa indicou que 63% consideram a gestão Temer pior do que a de Dilma Rousseff. Apenas 4% disseram que o governo é ótimo ou bom. No levantamento passado, foram 5%.
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