Por Fernando Taquari e Cristiane Agostine | Valor Econômico
SÃO PAULO - O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) planeja para o fim de julho e o início de agosto agendas conjuntas pelo Estado com o candidato da sigla a governador, o ex-prefeito João Doria, para impulsionar sua pré-candidatura presidencial em São Paulo, onde governou por doze anos em dois períodos (2001-2006) e (2011-2018). O acerto, conforme interlocutores, ocorreu há cerca de três semanas em um encontro dos dois, que serviu para aparar arestas e pode eliminar as desconfianças mútuas.
Na ocasião, Doria reiterou o apoio à pré-candidatura de Alckmin, a despeito das especulações de que pode substituí-lo na corrida presidencial. Ouviu como resposta que o ex-governador aproveitaria a pré-campanha, antes da convenções partidárias, para rodar o país em busca de popularidade. As viagens pelo interior paulista na companhia de Doria, afirmou o presidenciável tucano, ficariam para julho ou agosto, a depender da agenda de ambos.
Aliados de Alckmin minimizaram os resultados da pesquisa CNI/ Ibope, na qual o tucano oscila entre 4% e 6%, e rechaçaram a hipótese de Doria ser alçado à condição de pré-candidato do PSDB a presidente. Enxergam nos boatos uma forma de parlamentares e pré-candidatos a deputado federal e estadual pressionarem o ex-governador, presidente nacional da sigla, por dinheiro do fundo partidário para fazer campanha.
Alckmin aposta que crescerá nas sondagens com o afunilamento de candidaturas, o tempo de propaganda no rádio e na TV e com os palanques estaduais em grandes colégios eleitorais. Conta ainda com a vitória de Doria no primeiro turno para alavancar sua candidatura.
Em meio às especulações, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ontem que quem estimula a troca da pré-candidatura do PSDB são os próprios tucanos, e não os partidos do chamado Centrão, grupo do qual o DEM faz parte.
Segundo Maia, a pressão pela substituição de Alckmin por Doria vem de tucanos "sem coragem" para "enfrentar esse problema". "Isso, talvez, esteja sendo estimulado por próprios filiados do PSDB que não têm a coragem de sentar na mesa e enfrentar esse problema. Esse problema não é de nenhum outro partido. Se ele existe, é um problema do PSDB", disse o parlamentar ao participar do lançamento da pré-candidatura do apresentador José Luiz Datena (DEM) ao Senado. Convidado, Alckmin não compareceu. Foi ao interior do Paraná, de onde em entrevistas elogiou o novo pré-candidato a senador.
Ao negar que o Centrão esteja articulando essa mudança na pré-candidatura tucana, em troca do apoio, Maia disse que o PSDB precisa definir seu candidato à Presidência. "Todos os presidentes de partidos [do Centrão] afirmaram que não vão interferir na decisão do PSDB. O PSDB precisa escolher o seu candidato. E escolhido [o candidato] - que já está - tentar organizar a sua aliança para mostrar maiores chance de vitória".
A articulação da pré-candidatura de Datena, que reforçará a campanha de Doria, foi vista no PSDB como uma arranjo do Centrão para enfraquecer Alckmin. Doria tem o apoio formal do PP, PSD, DEM e PRB, além do PTC. Já Alckmin negocia com PSD, PPS, PV, PTB e PRB.
Maia criticou ainda uma sondagem feita pelo PSDB para simular o cenário de uma chapa Alckmin/ Datena. "Só pode testar nome e colocar isso na imprensa com autorização do partido que [Datena] está filiado [DEM]. As decisões não são pessoais, são políticas, e quem quer tomar decisão pessoal já começa errando", afirmou.
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