Movimento suprapartidário busca nome do centro como alternativa à polarização direita-esquerda; Marina e Alckmin são vistos como opções
Pedro Venceslau e Marcelo Osakabe | O Estado de S. Paulo.
Representantes da Rede, partido da ex-ministra e presidenciável Marina Silva, participaram ontem em São Paulo pela primeira vez de um ato político do movimento polo democrático e reformista, que tenta unir os partidos do centro em torno de uma candidatura única já no primeiro turno da eleição presidencial.
Lançado no início do mês, o movimento suprapartidário tem entre seus principais líderes o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O grupo lançou um manifesto e tenta viabilizar uma candidatura comprometida com reformas estruturais e que se apresente como alternativa a uma eventual polarização entre Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e um candidato de esquerda.
Além de Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB ao Planalto, Marina é vista como opção do movimento. O coordenador do programa de governo da Rede, João Paulo Capobianco, disse que a candidatura de Marina é um “processo é irreversível”. “Não viemos aqui fazer arranjos eleitorais.”
Ao lado de líderes do PPS, PSD, PSDB, PV, Rede e Podemos, Fernando Henrique disse que é preciso “fulanizar” o debate, mas evitou defender o nome de Alckmin. “Em política a ideia só vale quando se fulaniza. Na academia vários podem ser donos de uma ideia, mas na política a ideia precisa ser transubstanciada em líderes”, afirmou.
Na saída do evento, FHC foi questionado sobre qual seria o nome mais competitivo para representar o grupo na eleição. “É preciso ver não só a pessoa, mas as condições políticas que essa pessoa tem. Não adianta querer ou não, tem que acontecer. Eu tenho um candidato. Todo mundo sabe”, respondeu.
Ainda segundo FHC, as pesquisas não serão determinantes, mas apenas “um indicativo” na busca por um palanque único. Na pesquisa Ibope/CNI divulgada ontem, Alckmin apareceu com 6% no cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Marina com 13% e Bolsonaro, 17%.
“Todos têm que admitir que podem não ter a capacidade de unir mas precisam crer que são capazes”, disse ele, sobre a possibilidade de alguém abrir mão. Na mesma linha, o presidente do PPS, Roberto Freire, disse que a “inércia tem que ser quebrada”. “Existem candidatos do PSDB, Rede e Podemos, mas nenhum deles pode ser empecilho para a unidade”, afirmou.
Representando o PV, o ex-deputado Eduardo Jorge, que disputou o Palácio do Planalto em 2014, fez o discurso mais enfático. “As pesquisas não mudam desde novembro e tenho convicção de que não vão mudar. A situação é dramática.”
“É preciso ver não só a pessoa, mas as condições políticas que essa pessoa tem. Não adianta querer ou não, tem que acontecer.” Fernando Henrique Cardoso EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA
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