Presidenciáveis defendem nova política de preços de combustíveis
Eduardo Bresciani, Bruno Góes e Leticia Fernandes | O Globo
BRASÍLIA - A saída de Pedro Parente da presidência da Petrobras jogou mais gasolina no debate no meio político sobre a política de preços da companhia. Mesmo integrantes da base aliada do governo Michel Temer se manifestaram a favor de alteração na metodologia que permite reajustes diários dos combustíveis. Presidenciáveis também manifestaram seu posicionamento sobre o tema.
O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT, comemorou a saída de Parente e defendeu uma mudança na política de preços da companhia:
— É preciso exigir que a política de preços que ele impôs seja trocada. E ela não pode ser trocada por nada de demagogia. Apenas o seguinte, hoje estão transferindo o preço do barril de petróleo da especulação financeira para dentro do Brasil, quando o custo da Petrobras é muitas vezes menor do que o custo do petróleo lá fora.
Em sua conta no Twitter, Marina Silva, pré-candidata da Rede, afirmou que “faltou sensibilidade” a Parente:
“O ex-presidente da Petrobras pediu demissão, apesar de ter feito uma gestão bem avaliada pelo mercado, mas faltou sensibilidade ao repassar o aumento do preço do combustível direto ao consumidor, neste momento difícil da vida dos brasileiros”.
Geraldo Alckimin, presidente do PSDB e pré-candidato, defendeu que a estatal tenha uma política de preço que proteja os consumidores. “O importante é não desperdiçar o trabalho de recuperação da Petrobras. Precisamos definir uma política de preços que, preservando a empresa, proteja os consumidores”, escreveu o tucano no Twitter.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a saída de Parente não é suficiente. “Não basta trocar o entreguista Pedro Parente na presidência da Petrobras. Tem de mudar sua política de preços para os combustíveis e a ofensiva privatista na empresa e na entrega do pré-sal. Tem de recuperar a Petrobras para o Brasil e para os brasileiros”, escreveu Gleisi, em suas redes sociais.
Ex-ministro da Fazenda do governo Temer e pré-candidato ao Planalto, Henrique Meirelles disse que Parente deu uma importante contribuição ao país ao resgatar a Petrobras da situação de "quase destruição provocada pelo governo anterior".
— A companhia tinha perdido as condições de assumir o custo de absorver as eventuais diferenças entre um preço mais estável e previsível e o custo de produção que varia com o preço do petróleo. É preciso criar um fundo de estabilização que amorteça eventuais oscilações no preço do petróleo e seja fiscalmente neutro no longo prazo.
A líder do MDB no Senado, Simone Tebet, afirmou que faltou “sensibilidade” a Parente e defendeu que a Petrobras tenha uma política de preços intermediária. “Nem tanto ao mar, nem tanto à terra: nem os preços subsidiados do passado, mas jamais a liberdade total de preço, sem sintonia com os números da economia — inflação e juros baixos, num período de recessão”, afirmou Simone, em nota, na qual também defende um “gestor político” para a empresa.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que é pré-candidato à Presidência da República, foi um dos poucos a lamentar a saída do executivo do comando da empresa. Segundo ele, a Petrobras só mantém a credibilidade se “colocar um quadro com a mesma qualidade de Pedro Parente”.
— (Pedro Parente) tem muita credibilidade e estava fazendo um ótimo trabalho. (A situação é) ruim para o Brasil — disse Maia ao GLOBO.
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), disse que o presidente da estatal precisa reunir visão empresarial, sensibilidade social e responsabilidade política. Após o início da greve dos caminhoneiros, ele criticou reiteradamente a política de preços da estatal.
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