Por Vandson Lima, Raphael Di Cunto, Fabio Murakawa, Raymundo Costa e Fábio Graner | Valor Econômico
BRASÍLIA E JOANESBURGO - Estacionado nas pesquisas com um dígito nas intenções de voto, Geraldo Alckmin (PSDB) consolidou ontem o maior arco de alianças da eleição presidencial de 2018. A adesão dos partidos que compõem o Centrão (DEM, PP, PR, SD e PRB) se soma à aliança já anunciada com o PTB, e outras com boa probabilidade de ocorrer, casos do PSD, PPS e, em menor medida, com o PV.
O impasse sobre o vice da chapa permanece. Após a confirmação da recusa do empresário Josué Gomes (PR), uma profusão de nomes começaram a ser especulados, indo desde o senador Alvaro Dias (Podemos), que é pré-candidato a presidente, a pelo menos quatro mulheres filiadas a legendas do Centrão: do PP a senadora Ana Amélia (RS) e a vice-governadora do Piauí, Margareth Coelho. Do DEM a deputada federal Tereza Cristina (MS). Ainda se fala da empresária Luana Baldy, mulher do ministro das Cidades, Alexandre Baldy, filiado ao PP.
Alvaro Dias é o objeto de desejo do entorno de Alckmin para a vice. Alvaro tem resistido às abordagens dos tucanos, mas uma nova tentativa será feita. O desempenho do senador no Sul, região que tradicionalmente vota no PSDB, é superior ao de Alckmin. Entre os tucanos é o nome considerado como o que mais somaria para a chapa.
Na relação de vices possíveis, o nome seguinte é o de Ana Amélia. Também estão em alta o ex-deputado e ex-ministro do governo Lula Aldo Rebelo (SD-SP) e o empresário Flavio Rocha (PRB), que retiraram suas pré-candidaturas a presidente. O empresário Benjamin Steinbruch (PP) vem em seguida. O ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM-PE) também é citado.
O presidenciável tucano afirmou que a definição sai até 4 de agosto, data da convenção do PSDB que vai consolidar a candidatura ao Palácio do Planalto.
Em seu discurso, Alckmin buscou marcar posição em relação ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que lidera as pesquisas, mas está isolado e sem alianças, e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que é líder nas pesquisas quando seu nome é incluído, mas está inelegível.
O tucano insistiu que o país não pode se enredar pelo caminho nem do "autoritarismo" nem do "populismo". "Fico feliz de nos reunirmos com o centro democrático. O caminho não é nem autoritarismo nem populismo", disse o tucano. Alckmin afirmou que sempre que o Brasil buscou a "conciliação e a pacificação", o país avançou, e citou como exemplos a redemocratização, o pacto pela Constituição cidadã e o Plano Real.
Alckmin citou o presidente dos Estados Unidos John Kennedy (1917-1963), que "dizia que a mudança era a lei da vida". "E para mudar precisamos ter mobilização, governabilidade, time, votos. Não se faz mudança com uma pessoa só, não tem ninguém com fórmula mágica dentro do bolso, não tem salvador da pátria. Tem esforço coletivo", disse.
O candidato repetiu, três vezes, que a união com as cinco siglas do bloco é essencial e vem em momento oportuno. O tucano ponderou que seria fácil receber o apoio se estivesse em primeiro lugar nas pesquisas. Mas esses partidos, disse, estão se aliando ao PSDB "por convicção, num grande esforço conciliatório".
Dos integrantes do Centrão, Alckmin ouviu algumas cobranças públicas, como a do deputado Paulinho da Força (SP), que preside o Solidariedade e pediu do pré-candidato compromisso com mudanças na contribuição sindical, esvaziada pela nova lei trabalhista. "Precisamos reconstruir a organização sindical, com sindicatos fortes. Para tirar o país do buraco em que estamos, só um conjunto de forças como a que se junta em torno da sua candidatura", disse.
Ciro Nogueira afirmou que o PP está unido, em sua maior parte, em torno de Alckmin. "Alckmin conseguiu quase a unanimidade dos diretórios do PP". Mas curiosamente, na saída do evento, Nogueira admitiu que votaria no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, caso ele pudesse concorrer à Presidência da República.
"Temos uma aliança lá [no Piauí, Estado do senador] com o governador Wellington Dias [PT], temos uma proximidade muito grande com o presidente Lula. Estamos esperando a definição. Se o presidente vier a ser candidato, nós votaríamos no presidente Lula lá", disse. "Acredito que ele não deve ser candidato, pelo que tudo leva a crer. Não sendo, nós seguiremos a orientação nacional".
Para consolidar a aliança em torno de Alckmin, o Centrão engavetou de vez as pretensões presidenciais de seus pré-candidato Aldo Rebelo (SD), Flávio Rocha (PRB) e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM). Em viagem internacional, Maia encaminhou uma carta, lida no encontro pelo presidente de seu partido, Antônio Carlos Magalhães Neto, prefeito de Salvador.
"Adotamos o caminho da unidade em torno de um projeto político que hoje parece o mais viável para evitar marchas a ré ainda maiores e mais trágicas para o Brasil. A história não nos dá o direito de andar para trás", escreveu Maia, que disse, ao fim, que "arquiva momentaneamente" o projeto de chegar à Presidência.
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