Indicador da qualidade de vida da população reforça a necessidade de escolhas corretas nas urnas
A divulgação, pelo Programa da Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2017, próximo às eleições, serve de instrumento de reflexão para o eleitor.
Indo além do alcance dos indicadores meramente quantitativos — como PIB, inflação e outros —, o IDH visa a captar como evolui a qualidade de vida das populações. Para isso, a sua composição usa informações sobre educação, expectativa de vida e também renda.
O Brasil se manteve em 79º lugar numa relação de 188 países. Mas quando o indicador é ajustado à desigualdade na população, a posição do país no ranking cai 17 posições. São mesmo grande fator de depreciação do Brasil em estudos comparativos como este as disparidades sociais em geral e de renda em particular.
É indiscutível que a grande recessão do biênio 2015/16, ainda não integralmente superada — a recuperação tem sido lenta, devido a várias razões —, condiciona o mau resultado do IDH. A renda per capita retrocedeu mais de 9% entre 2014 e 2016, inferior apenas à queda de 12,4% na crise de 1981 a 1983. O impacto no indicador é direto.
O Brasil se encontra no 79º lugar neste ranking desde 2015, ano em que a recessão iniciada em meados de 2014 se aprofundou. No continente, fica atrás de Chile, Argentina, Uruguai e até mesmo Venezuela, porque esta apresenta um resultado melhor em educação.
O IDH coloca o Brasil numa faixa média no ranking, o mesmo quadro que se observa em outros levantamentos. O desafio dos brasileiros — dos políticos, da população, de todos —é avançar. Mas não é fácil.
O país cresceu durante o século XX muito devido à abundância de recursos — mão de obra, terras a cultivar etc. A idade média baixa da população foi outra alavanca. Mas estas são vantagens que se esgotam. Na demografia, por exemplo, começa agora, neste ano, a crescer menos que a população total a faixa de 15 a 64 anos, considerada a “população ativa”. Trata-se do fim do “bônus demográfico”, de que se beneficiaram todos os países desenvolvidos.
Isso significa que a baixa produtividade brasileira só aumentará com melhorias efetivas na qualidade do ensino, um dos graves problemas nacionais. O mercado de trabalho tende a receber menos jovens, e eles precisam ser mais bem preparados.
O Brasil sofre a ameaça de estagnar no atual nível de desenvolvimento —nem rico, nem pobre, com bolsões de miseráveis e enclaves de ricos. E manter-se com um IDH também no meio do caminho.
Esta eleição tem a ver com este impasse. Para sair dele, o Brasil precisa investir mais e melhor. E deixar de gastar muito em custeio, o que significa fazer as reformas necessárias. Os candidatos precisam ser avaliados por meio destas lentes.
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