Ex-presidente diz estar preocupado com capacidade de vencedor governar país dividido
Dimitrius Dantas | O Globo
SÃO PAULO - Após votar no Colégio Nossa Senhora de Sion, em Higienópolis, região central de São Paulo, na manhã deste domingo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lamentou a falta de apoio à sua tentativa de unir as candidaturas de centro . Responsável por escrever uma carta a favor da união, ele disse que, nesse momento, as pessoas querem se "engalfinhar". FH disse acreditar que a eleição vá para o segundo turno, e se mostrou preocupado com a capacidade de o próximo presidente governar um país dividido.
- É o que eu acho, o que eu penso, se os outros não querem, vou fazer o quê? Digo com sinceridade que eu acho que é o melhor. Posso estar certo ou errado. Mas aparentemente as pessoas não querem. As pessoas nesse momento do Brasil querem se engalfinhar. Podem se engalfinhar, eu não entro nessa - afirmou o tucano.
O movimento de FH foi criticado pelos candidatos Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT), que viram no manifesto uma tentativa de alavancar a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB). Na semana passada, no entanto, Ciro admitiu que poderia incorporar parte do programa de Marina e de Alckmin para uma suposta aliança.
Sobre a candidatura do seu correligionário, FH cometeu um ato falho quando foi questionado sobre os erros que o PSDB teria cometido. Nas últimas pesquisas, Alckmin aparece na quarta colocação.
- Isso eu vou falar no segundo turno - disse, antes de completar:- Se é que eu vou falar.
Fernando Henrique afirmou que não enxerga um risco para a democracia em uma eventual vitória de um candidato de extrema-direita. Segundo ele, o sistema democrático está enraizado, com imprensa livre, Congresso funcionando e uma cultura de democracia entre a população. Ele admitiu, no entando, que existem pessoas anti-democráticas. FH afirmou, ainda, que se preocupa com a capacidade do futuro presidente de governar um país dividido.
- Em relação a capacidade de levar adiante o país? Tenho (preocupação). Porque seria um cenário dividido. Para conseguir resolver essas questões, precisa explicar ao povo do que se trata. Se não explicar ao povo, não tem apoio. Se não tem apoio, o Congresso passa a dar as cartas e aí é uma dificuldade.
Embora tenha dito acreditar que a eleição vá para o segundo turno, FH evitou indicar um apoio, caso seu candidato não avance. O ex-presidente usou uma metáfora para fazer referência ao segundo turno ao dizer que, no xadrez, quem tem as pedras brancas (quem faz o primeiro lance), vence.
- Não sei quem vai ganhar. Quem ganhar é que tem dizer o que vai fazer com o Brasil. A mim o que interessa é o que vai fazer com o Brasil.
FH chegou ao colégio Nossa Senhora de Sion logo após a abertura das urnas, por volta das 8h, acompanhado de assessores. Ele disse que votou em Alckmin e espera que o tucano consiga uma das vagas no segundo turn.
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