Seja qual for o resultado das urnas amanhã, a atmosfera de conflito tem de ser logo dissipada
A oscilação para baixo do candidato Jair Bolsonaro em pesquisa Ibope recente foi confirmada anteontem pelo Datafolha, segundo o qual a diferença entre o candidato do PSL, líder na disputa presidencial, e Fernando Haddad (PT) caiu seis pontos.
Era de 18, no Datafolha de quinta-feira da semana passada (59% a 41%) e caiu para 12 na última quinta (56% a 44%).
Candidatos e respectivos estrategistas tratam de fazer seus diagnósticos, a fim de reforçar pontos fortes e eliminar ou minimizar os fracos, nas horas que restam para o voto final. As campanhas de Bolsonaro e Haddad já sinalizaram ter entendido o mal que faz a radicalização.
Uma, moderando a vociferação contra adversários e recuando em propostas delirantes em áreas como a do meio ambiente; a outra, com alterações no programa, como a retirada da proposta golpista da convocação de uma Constituinte exclusiva, algo que só se faz nas rupturas de regime. Ou aprova-se emenda constitucional, atendendo ao quorum especial de 60% nas duas Casas do Congresso, em votação em dois turno, ou nada feito.
O fato é que se vislumbra um domingo tenso de apuração, da qual deverá sair um país dividido. Nenhum problema, pois não é por que o novo presidente será eleito numa disputa apertada que terá menor institucionalidade ou menos legitimidade. Mas precisa atentar para este aspecto.
Terá, por óbvio, todo o respaldo legal para exercera função, mas necessitará, mais do que nunca, pacificara nação, depois de acirrada e radicalizada campanha, em que houve um enfrentamento direto entre direita e esquerda.
Não que isso assuste, porque é parte central do regime republicano o rodízio no poder entre as forças políticas, quaisquer que sejam, desde que se submetam ao voto Ma sé natural que esta eleição, dado o forte choque ideológico, deixe marcas que precisam ser superadas.
A oposição cumprirá o papel de contrapeso no jogo de equilíbrios e desequilíbrios característicos das democracias. Porém, não se podem fechar os olhos ao momento delicado em que se encontra a economia e, por decorrência, o quadro social. A oposição também precisa contribuir para a reunificação do país.
Foi ruinosa, com repercussões até hoje, a crise instalada pelo desvario da aplicação voluntariosa do modelo do “nova matriz econômica”, da dupla Dilma/Lula, que reforçou nas contas públicas uma propensão estrutural ao déficit.
Seja quem for o vitorioso de amanhã, seu governo terá de enfrentara questão da Previdência, para o que será necessário um entendimento entre as forças políticas. Sem perspectiva de ajuste fiscal, os investimentos não voltam, e a economia não decola em bases saudáveis, em prejuízo dos ainda mais de 12 milhões de desempregados. É muito o que está em jogo nas urnas de amanhã.
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