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Adeus a Washington
Tão certa como a Terra é plana é a chance de a nomeação do deputado Eduardo Bolsonaro para embaixador em Washington ser aprovada pelo Supremo Tribunal Federal.
A maioria dos ministros está convencida de que a nomeação do garoto pelo pai configura nepotismo e não pode ser aceita porque fere a Constituição e um conjunto de leis.
O Supremo só age se provocado. E deverá ser provocado tão logo a indicação de Eduardo para a função seja formalizada pelo presidente Jair Bolsonaro, o que poderá acontecer em breve.
O Senado não sentirá o gosto de sabatinar Eduardo. Basta que um ministro do Supremo conceda uma liminar para que Eduardo seja promovido à condição de o embaixador que foi sem nunca ter sido.
Witzel, e o que mais preocupa Bolsonaro
Confidência nas alturas
cidade do Rio na companhia do presidente Jair Bolsonaro, do general Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa e de alguns agentes de segurança, o governador Wilson Witzel resolveu puxar conversa.– Tenho uma coisa para lhe contar – disse Witzel a Bolsonaro.
– O que é, governador? – perguntou o presidente.– Serei candidato à sua sucessão.
– É?
– Só não serei se o senhor foi candidato à reeleição. Então eu o apoiarei – completou Witzel.
A revelação não causou espanto a Bolsonaro. Foi a segunda vez que ele a ouviu da boca do governador. A primeira fora em Brasília. Na ocasião, Witzel chegou a dizer que gostaria de conhecer o Palácio da Alvorada, mas Bolsonaro não atendeu ao seu pedido.
Em 2017, quando ainda era juiz federal, Witzel pediu uma audiência ao então governador Luiz Fernando Pezão. Mas exigiu que fosse no Palácio das Laranjeiras, o que deixou Pezão desconfiado de que poderia ser coisa séria.
No dia e hora marcados, Witzel chegou ao palácio com a sua mulher. Pezão o recebeu junto com assessores. Estava nervoso e curioso. Depois de 15 minutos de conversa jogada fora, Witzel revelou a razão da visita: queria conhecer o interior do palácio.
Um Pezão surpreso, mas atencioso apresentou ao casal as principais dependências do palácio. Deixou para o fim os aposentos do governador que quase nunca usava. Foi ali que Witzel comentou para espanto de Pezão:
– Serei candidato à sua sucessão. E dormirei aqui.
Dito e feito. A quinze dias da eleição do ano passado em primeiro turno, Witzel tinha meia dúzia de pontos nas pesquisas de intenção de voto. Venceu o primeiro turno com 41,28% dos votos válidos. E o segundo com 59,87%, derrotando o ex-prefeito Eduardo Paes.
Bolsonaro tem uma cisma com Witzel. Acha que ele está por trás do empenho do Ministério Público do Rio em investigar os rolos do senador Flávio e do ex-motorista Fabrício Queiroz. Tudo para tirá-lo do páreo na eleição de 2022.
Pacto de um lado só
Toffoli deu a partida
Na última terça-feira, em Brasília, ao chegar para a cerimônia de posse do novo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, ex-vizinho do presidente Jair Bolsonaro e amigo de infância dos seus filhos, o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, viu o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) sentado na plateia em lugar de pouco destaque.
O general olhou para Flávio, esboçou um sorriso e deu uma piscadela cúmplice para ele. Depois foi ao seu encontro e, com uma das mãos à altura da boca para que ninguém ouvisse o que dizia, contou-lhe algo. Flávio sorriu. Dali a instantes soube-se que o ministro Dias Toffoli, presidente do Tribunal Federal, suspendera as investigações por corrupção que tanto incomodavam o senador.
Há dois meses mais ou menos, Toffoli sugeriu publicamente que os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário firmassem um pacto para garantir a governabilidade do país. Bolsonaro, o chefe do clã, comemorou a ideia com entusiasmo. Os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado refugaram a ideia. Mesmo assim, Toffoli começou a fazer o que lhe caberia no pacto.
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