- O Globo
É escancarada a influência de Flávio Bolsonaro na escolha do novo PGR. Enrolado no caso Queiroz, ele tem interesse direto na sucessão de Raquel Dodge
É escancarada a influência de Flávio Bolsonaro na escolha do novo procurador-geral da República. No fim de semana, a disputa ganhou um novo favorito:
o subprocurador Antônio Carlos Simões Martins Soares. Ele é pouco conhecido no Ministério Público, mas conta com o apoio do Zero Um.
Ontem pipocaram os primeiros esqueletos no armário do candidato. Ele já foi réu por falsificação de assinatura e teve a aposentadoria cancelada por “possíveis irregularidades”. Não conseguiu comprovar o tempo de serviço, de acordo com decisão do TCU.
Além desses rolos, Soares enfrenta a desconfiança dos colegas. Ele nunca foi procurador-chefe, nunca coordenou uma câmara temática e nunca disputou a eleição para a lista tríplice. Se for mesmo o escolhido, terá dificuldades para controlar a instituição.
O currículo do subprocurador impressiona, mas não chega a ser mais espantoso que a força do primeiro-filho na sucessão. Suspeito de embolsar o salário de assessores, Flávio tem interesse direto na definição do próximo PGR. Ele é investigado no Rio, mas aposta nos tribunais superiores para evitar uma condenação.
O tribunal já o socorreu duas vezes. No plantão de janeiro, o ministro Luiz Fux concedeu uma liminar para suspender o inquérito. No plantão de julho, o ministro Dias Toffoli repetiu a dose. Graças à última canetada, o caso está parado há 35 dias. Com a escolha de um engavetador-geral, as chances de a investigação ressuscitar ficarão ainda menores.
Ontem o porta-voz da Presidência disse que Jair Bolsonaro tem recebido todos os candidatos à PGR. Não é verdade, porque dois integrantes da lista tríplice esperam ser chamados até hoje. O general Rêgo Barros acrescentou que o processo de indicação não envolve “especialmente o senador Flávio, mas também o senador Flávio”. Já tinha dado para perceber.
Não é difícil imaginar o que aconteceria se o futuro da PGR estivesse nas mãos de um filho de Lula, da filha de Dilma ou mesmo de um filho de Temer. No governo Bolsonaro, os movimentos que diziam combater o aparelhamento assistem a tudo em silêncio.
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