- Folha de S. Paulo
O país fracassa quando 43% dos alunos não aprendem aquilo que se define como o mínimo necessário
Saíram os resultados de mais um Pisa, o exame internacional a que são submetidos alunos de 15 anos de 79 países ou regiões. O Brasil interrompeu os tímidos avanços que vinha obtendo e estabilizou-se entre os últimos colocados. Em matemática, prova em que teve seu pior desempenho, ficou em 58º lugar.
A melhor forma de humilhar um futurologista é pedir-lhe que descreva com algum detalhamento como será o mundo dentro de 20 ou 30 anos. Aí, é só esperar o tempo passar e confrontar as previsões com a realidade. A taxa de acertos costuma ser irrisória.
Tal constatação não deve nos impedir de arriscar palpites. É da natureza humana imaginar o porvir. Se formos prudentes e nos limitarmos a apontar tendências muito gerais, há até uma chance de acertarmos.
Um prognóstico que me parece razoavelmente seguro é o de que a prosperidade de uma nação dependerá cada vez mais do nível de conhecimento e das inovações que ela será capaz de produzir.
Se a dinâmica já tem sido essa desde que os primeiros hominídeos começaram a criar as primeiras ferramentas, o movimento deve intensificar-se quanto mais avançarmos na automação e na utilização da inteligência artificial —tendência que já me parece difícil de interromper.
Nesse mundo, terão sucesso os países que conseguirem formar cidadãos aptos não apenas a utilizar as novas tecnologias como também a criar em cima delas, para o que é indispensável um sistema educacional eficiente, que proporcione a todos os conhecimentos básicos que serão instrumentais para existir no futuro.
O Brasil está ficando para trás nessa corrida. Do jeito que caminhamos, vamos nos consolidar como um país café com leite. Até nos beneficiaremos de tecnologias criadas lá fora, mas seremos menos do que figurantes no jogo principal.
Quando 43% dos alunos não aprendem aquilo que se define como o mínimo necessário, o país já pode reivindicar o fracasso.
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